O homicida
Kelerson de Oliveira Ribeiro, (o Kelinho), é acusado de ter iniciado uma
rebelião, no final da tarde de sábado, 27, que culminou com a destruição parcial
das celas da 3ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), onde 23 presos de
Justiça e 7 de ocorrência se encontravam. Tudo começou no final do horário de
visitas, quando Kelinho teria tentado fazer refém a carcereira Valdeia Rocha de
Oliveira, mas foi rendido e espancado por outros presidiários que o tornaram
refém do ato.
Luiz Alberto
Medeiros (Beto Medeiros), diretor da Unidade Prisional de Parintins (UPP)
revela. “A rebelião foi iniciada pelo Kelinho. Ele quebrou os cadeados e
iniciou a confusão. Faz algum tempo que pedimos a transferência não só dele,
mas de todos os elementos que estão prejudicando a tranquilidade na UPP e na 3ª
DIP para a Capital do Estado. Nossa Justiça não é eficaz, é muito lenta e
demorada, essa rebelião é um fato que só vem mostrar nossa realidade”, declara.
O preso de
Justiça Gabriel Souza Tavares (o Esquerdinha), que assumiu a negociação pelo
lado dos presos, confirma que Kelinho iniciou o ato e revela o ocorrido. “Não
tive nada ver com isso. Foi o Kelinho que iniciou a rebelião e quebrou as
câmeras de vigilância, pegamos ele para defender a Tia Val (carcereira), que
estava como refém. Ele apronta as ondas dele e quer colocar pilha na cabeça dos
outros para entrarem na onda dele. Ele saiu com ferro querendo furar todo
mundo. O pessoal revoltado pegaram ele para tomar o ferro e o espancaram”,
contou.
Rebelião durou aproximadamente cinco horas e meia
A rebelião
durou em torno de 5 horas e meia e terminou com as grades das celas da 3ª DIP
arrancadas, câmeras de circuito interno destruídas e vários detentos feridos.
Tudo começou quando Kelinho teria tentado fazer a carcereira refém e só
terminou quando os homens da Polícia Militar (PM), lotados no município,
invadiram o local e dominaram os presos. Vários prisioneiros transitórios que
se encontravam no local foram liberados, após a PM controlar o motim.
Um parente de
um dos presos que preferiu não se identificar, disse. “Quando os últimos parentes de presos
deixavam o local, a carcereira Valdéia Rocha de Oliveira percebeu a aproximação
de Kelinho e rapidamente fechou o portão. A partir daí começaram gritarias e o
quebra, quebra lá pra dentro, os Bombeiros só chegaram as 18h10 e entraram na
3ª DIP”.
As 19h43, em
meio as negociações de Esquerdinha e outros presidiários com o cabo PM Fernando
Júnior, que em meio aos pedidos das negociações chegaram a exigir meio quilo de
maconha e celulares. Os bombeiros
arrombaram a portinhola do portão principal, e facilitou o contato visual da
área interna da DIP. As 20h38 chegou ao local o Juiz Aldrin Henrique e as 22
Dom Giuliano bispo de Parintins. As 22h08 a tropa da PM invade e rende os
rebelados libertando os reféns. As 22h28, vários presos de ocorrência são colocados
em liberdade. As 22h36, Kelinho é conduzido ao hospital. As 22h55, o Juiz
Aldrin, o delegado Ivo Cunha e o comandante do 11º Batalhão convocam coletiva
de Imprensa.
Delegado garante que haverá investigação para apurar o caso
Para o
delegado Ivo Cunha, o Kelinho começou a rebelião, só que devido a violência
contra outros presos, o feitiço virou contra o feiticeiro. “Ele tentou fazer a
carcereira refém, os presos não gostaram da atitude, renderam, espancaram e
passou a ser refém dos detentos. A PM foi ágio e conseguiu controlar a
rebelião. Os 23 presos de justiça que estavam na 3ª DIP, foram transferidos
para a UPP, no centro da cidade na manhã de ontem (domingo)”.
Ivo Cunha
garante que vai haver uma investigação para apurar minuciosamente o ato. “vamos
apurar através das imagens e responsabilizar as pessoas que cometeram crime.
Houve tentativa de homicídio, lesões corporais e danos ao patrimônio público.
Podem ter certeza que não deixaremos nem um crime impune. Agora a delegacia
fica apenas com uma cela precária. Vamos pedir que a delegacia seja reformada e
que não sirva mais de abrigo a preso de justiça, já que não temos condições de
abrigar esse tipo de preso”, esclarece.
Para o Juiz
Aldrin Henrique, que ouviu durante as negociações com os presos, pedido do
direito a banho de sol, fornecimento de água, alimentação e a não transferência
deles para Itacoatiara ou Manaus, cada caso será analisado pelo Juiz titular da
vara em que os processos tramitam. Ele informou ainda que, a princípio não
haverá qualquer transferência de presos, mas deve haver uma negociação com o
Secretário de Justiça do Estado e com o Juiz da Vara de Execuções penais na
Capital, para chegarem a um veredito.
Após autorização da PM da Capital do Estado e do Juiz tropa adentra
na 3ª DIP
O comandante
do 11º Batalhão da Polícia Militar de Parintins, major Túlio Freitas, revela
que a ordem para que a tropa entrasse na 3ª DIP e contesse a rebelião, foi dada
pelo comando da PM na Capital e autorizada pelo Juiz Aldrin Henrique. “Temos
vários oficiais e praças treinados inclusive em Operações de choque. Após
autorização, invadimos o local, disparamos apenas um tiro abafado, feito com
armamento não letal. Utilizamos BP90 e BP retrátil. Não foi preciso desferir
nem um golpe contra qualquer interno, eles se mostraram cordeiros dentro da
ação”, declara.
Túlio diz
ainda que, o interno que se dizia líder mostrou-se covarde porque fugiu para a
cela onde estava. “Adentramos o local e a tropa de ação ocupou os corredores.
Muitos internos agradeceram nossa ação, já que estavam vitimados. Agradecemos
ao doutor Ivo Cunha que coordenou a ação, a Beto Medeiros, diretor do presídio
pelo apoio e, ao Juiz Aldrin Henrique que nos orientou, deu a legalidade para
que pudéssemos atuar na ação que obtivemos êxito, Graças a Deus sem vítimas
feridas”, acrescenta.
De acordo com
Major, no final da visita há uma movimentação, e nas imagens da para perceber
que alguns detentos estão andando com alguma coisa escondido na mão. “Deu para
ver depois que se tratava de estoques, no momento em que o Kelinho passa e dá
uma estocada em um detento. Outro detento aponta para a câmera vão e detonam. A
rebelião estava previamente armada, só que fugiu do controle. O kelinho que
começou e lesionou a maior parte dos detentos, um dos cabeças no início, ao
final acabou se tornando vítima”, finaliza Freitas.
Fotos e texto: Ataíde Tenório
Fotos e texto: Ataíde Tenório