segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Briga e destruição de celas na 3ª Delegacia de Parintins



O homicida Kelerson de Oliveira Ribeiro, (o Kelinho), é acusado de ter iniciado uma rebelião, no final da tarde de sábado, 27, que culminou com a destruição parcial das celas da 3ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), onde 23 presos de Justiça e 7 de ocorrência se encontravam. Tudo começou no final do horário de visitas, quando Kelinho teria tentado fazer refém a carcereira Valdeia Rocha de Oliveira, mas foi rendido e espancado por outros presidiários que o tornaram refém do ato.
Luiz Alberto Medeiros (Beto Medeiros), diretor da Unidade Prisional de Parintins (UPP) revela. “A rebelião foi iniciada pelo Kelinho. Ele quebrou os cadeados e iniciou a confusão. Faz algum tempo que pedimos a transferência não só dele, mas de todos os elementos que estão prejudicando a tranquilidade na UPP e na 3ª DIP para a Capital do Estado. Nossa Justiça não é eficaz, é muito lenta e demorada, essa rebelião é um fato que só vem mostrar nossa realidade”, declara.
O preso de Justiça Gabriel Souza Tavares (o Esquerdinha), que assumiu a negociação pelo lado dos presos, confirma que Kelinho iniciou o ato e revela o ocorrido. “Não tive nada ver com isso. Foi o Kelinho que iniciou a rebelião e quebrou as câmeras de vigilância, pegamos ele para defender a Tia Val (carcereira), que estava como refém. Ele apronta as ondas dele e quer colocar pilha na cabeça dos outros para entrarem na onda dele. Ele saiu com ferro querendo furar todo mundo. O pessoal revoltado pegaram ele para tomar o ferro e o espancaram”, contou. 

     Rebelião durou aproximadamente cinco horas e meia


A rebelião durou em torno de 5 horas e meia e terminou com as grades das celas da 3ª DIP arrancadas, câmeras de circuito interno destruídas e vários detentos feridos. Tudo começou quando Kelinho teria tentado fazer a carcereira refém e só terminou quando os homens da Polícia Militar (PM), lotados no município, invadiram o local e dominaram os presos. Vários prisioneiros transitórios que se encontravam no local foram liberados, após a PM controlar o motim.
Um parente de um dos presos que preferiu não se identificar, disse.  “Quando os últimos parentes de presos deixavam o local, a carcereira Valdéia Rocha de Oliveira percebeu a aproximação de Kelinho e rapidamente fechou o portão. A partir daí começaram gritarias e o quebra, quebra lá pra dentro, os Bombeiros só chegaram as 18h10 e entraram na 3ª DIP”.
As 19h43, em meio as negociações de Esquerdinha e outros presidiários com o cabo PM Fernando Júnior, que em meio aos pedidos das negociações chegaram a exigir meio quilo de maconha e celulares.  Os bombeiros arrombaram a portinhola do portão principal, e facilitou o contato visual da área interna da DIP. As 20h38 chegou ao local o Juiz Aldrin Henrique e as 22 Dom Giuliano bispo de Parintins. As 22h08 a tropa da PM invade e rende os rebelados libertando os reféns. As 22h28, vários presos de ocorrência são colocados em liberdade. As 22h36, Kelinho é conduzido ao hospital. As 22h55, o Juiz Aldrin, o delegado Ivo Cunha e o comandante do 11º Batalhão convocam coletiva de Imprensa.

      Delegado garante que haverá investigação para apurar o caso
   

Para o delegado Ivo Cunha, o Kelinho começou a rebelião, só que devido a violência contra outros presos, o feitiço virou contra o feiticeiro. “Ele tentou fazer a carcereira refém, os presos não gostaram da atitude, renderam, espancaram e passou a ser refém dos detentos. A PM foi ágio e conseguiu controlar a rebelião. Os 23 presos de justiça que estavam na 3ª DIP, foram transferidos para a UPP, no centro da cidade na manhã de ontem (domingo)”.
Ivo Cunha garante que vai haver uma investigação para apurar minuciosamente o ato. “vamos apurar através das imagens e responsabilizar as pessoas que cometeram crime. Houve tentativa de homicídio, lesões corporais e danos ao patrimônio público. Podem ter certeza que não deixaremos nem um crime impune. Agora a delegacia fica apenas com uma cela precária. Vamos pedir que a delegacia seja reformada e que não sirva mais de abrigo a preso de justiça, já que não temos condições de abrigar esse tipo de preso”, esclarece.
Para o Juiz Aldrin Henrique, que ouviu durante as negociações com os presos, pedido do direito a banho de sol, fornecimento de água, alimentação e a não transferência deles para Itacoatiara ou Manaus, cada caso será analisado pelo Juiz titular da vara em que os processos tramitam. Ele informou ainda que, a princípio não haverá qualquer transferência de presos, mas deve haver uma negociação com o Secretário de Justiça do Estado e com o Juiz da Vara de Execuções penais na Capital, para chegarem a um veredito.

Após autorização da PM da Capital do Estado e do Juiz tropa adentra na 3ª DIP


O comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar de Parintins, major Túlio Freitas, revela que a ordem para que a tropa entrasse na 3ª DIP e contesse a rebelião, foi dada pelo comando da PM na Capital e autorizada pelo Juiz Aldrin Henrique. “Temos vários oficiais e praças treinados inclusive em Operações de choque. Após autorização, invadimos o local, disparamos apenas um tiro abafado, feito com armamento não letal. Utilizamos BP90 e BP retrátil. Não foi preciso desferir nem um golpe contra qualquer interno, eles se mostraram cordeiros dentro da ação”, declara.
Túlio diz ainda que, o interno que se dizia líder mostrou-se covarde porque fugiu para a cela onde estava. “Adentramos o local e a tropa de ação ocupou os corredores. Muitos internos agradeceram nossa ação, já que estavam vitimados. Agradecemos ao doutor Ivo Cunha que coordenou a ação, a Beto Medeiros, diretor do presídio pelo apoio e, ao Juiz Aldrin Henrique que nos orientou, deu a legalidade para que pudéssemos atuar na ação que obtivemos êxito, Graças a Deus sem vítimas feridas”, acrescenta.
De acordo com Major, no final da visita há uma movimentação, e nas imagens da para perceber que alguns detentos estão andando com alguma coisa escondido na mão. “Deu para ver depois que se tratava de estoques, no momento em que o Kelinho passa e dá uma estocada em um detento. Outro detento aponta para a câmera vão e detonam. A rebelião estava previamente armada, só que fugiu do controle. O kelinho que começou e lesionou a maior parte dos detentos, um dos cabeças no início, ao final acabou se tornando vítima”, finaliza Freitas.

Fotos e texto: Ataíde Tenório

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