quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Castanheiras continuam sendo destruídas no Macurany



O presidente da Associação de Moradores da comunidade Macurany (AMMA), Antônio Marcos da Silva, denuncia que dezenas de castanheiras continuam sendo derrubas na área da comunidade. De acordo com ele a ação acontece sem que os órgãos competentes possam conter a devastação do meio ambiente e o extermínio das árvores centenárias que antes cobria toda área e gerava renda a muita gente.
“Os comunitários denunciam e, como presidente da Amma, há duas semanas procurei os órgão de proteção ambiental para denunciar a derrubada de castanheiras na comunidade e ninguém aparece para inibir a devastação. Estou indignado, sem saber a quem apelar. É triste ver isso, um senhor conhecido por Francisco mandou derrubar três castanheiras que estavam cheias de frutos. Alguém precisa fazer alguma coisa para evitar esse tipo de coisa”, relata Antônio Marcos.
O presidente diz que, ao procurar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi informado que por causa de uma Lei, a responsabilidade é do Estado que repassou a prefeitura a área. “Fui a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sedema) disseram que a responsabilidade da fiscalização é por conta do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), e uma equipe estava chegando iria verificar o caso. É um empurra com a barriga que não acaba mais e a devastação do meio ambiente continua”, reclama.
O representante da comunidade se diz triste assim como os demais comunitários pelo extermínio das castanheiras. “A verdade é que bate uma tristeza nos comunitários que as lágrimas descem. Essa região era a área da Ilha com a maior quantidade de castanheiras. Na época que os ouriços estão caindo, em outros tempos, muita gente juntava castanha, tirava uma boa renda no final da safra. Agora, o que vemos são centenas de castanheiras sendo derrubadas. Espero que os órgãos ambientais façam o trabalho de fiscalização para evitar o fim do castanhal”, finaliza.


“Eu e meus irmãos nascemos e nos criamos aqui. Minha irmã tem 84 anos e toda vez que sabe que derrubam uma castanheira, ela chora. É questão de gostar das árvores, da natureza e, lembrar os bons tempos de infância, pois quando nos entendemos já existia esse castanhal. Agora sem que possamos evitar, estão destruindo tudo”.
Assim, a senhora Maria do Socorro Lima de Oliveira, 82, que há quase um ano tenta a liberação para cortar uma castanheira derrubada por um temporal, para aproveitar a madeira, não consegue. “Não derrubamos castanheiras, e pelo menos há um ano, o temporal derrubou uma no meu quintal e não consigo licença para serrá-la e aproveitar a madeira”, conta.
Dona Socorro lamenta, “enquanto tentamos legalmente retirar a madeira de uma árvore que tombou com a força dos ventos e não conseguimos, outros derrubam dezenas de castanheiras e muitas vezes nem se quer são advertidos. Só quero aproveitar a madeira e não consigo e se não fizerem logo a liberação, a madeira vai se estragar”.
Dona Maria revela que há muitos anos a família vive naquele local. “Minha família vive aqui há mais de cem anos. Minha mãe nasceu se criou e faleceu aos 97 anos aqui nesse local. Ela era filha de Francisco Lima (o Chico Macura). Meu avô, veio do Nordeste ainda jovem, desde então morou aqui e adorava esse lugar. O apelido “Macura” foi dado a ele por que morava a margem do Lago Macurany”.
Segundo ela, mesmo com a casa na cidade não abandonou o local.  “Digo para meus filhos que não queria sair daqui nem depois de morta, pois adoro esse lugar que é maravilho. Espero que as autoridades possam evitar essa devastação e mantenham o castanhal de pé”, finaliza Dona Maria Macura.
A reportagem do Gazeta Parintins, foi até o escritório local do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na manhã de segunda-feira, 27, levar a denúncia dos moradores do Macurany. Os agentes ambientais Joel Araújo, Geraldo Silva e Maise Repolho, se dirigiram a comunidade e constataram o fato.
Segundo ele, após a denúncia a equipe chegou ao local e constatou a derrubada de castanheira e outras árvores nativas. “A realidade é que no local está acontecendo um processo de avanço sobre a vegetação, que se dá de duas formas. Uma é do complexo habitacional Vila Cristina, um modelo licenciado. Tudo que for feito dentro do projeto tem que ser cobrado do Estado, no caso pelo Ipaam, que fez o licenciamento. Mas vamos requerer o projeto para fazer o acompanhamento”, garante.
De acordo com o agente ambiental, outro processo é feito por pessoas que desmatam e cortam árvores para tirar madeira para construir ou ampliar casas. “Em relação ao corte de castanheira e exploração de madeira, vamos notificar os proprietários dos terrenos. Qualquer castanheira derrubada que não esteja devidamente licenciada, a multa é de R$500,00. O Ibama vai fazer sua parte para inibir a devastação e lutar em defesa dos recursos naturais, já a prefeitura através da Sedema e o Estado através do Ipaam, não estão fazendo a fiscalização, aqui na nossa cidade”, afirma o ambientalista.
Durante a fiscalização foram encontradas nove castanheiras derrubadas. “Um motosserra que estava sendo usado no corte de castanheira dentro do projeto, foi trazido ao Ibama para averiguação de licença e na manhã de ontem 28,  eles apresentaram o documento do motosserra e liberamos. A partir de agora vamos continuar atuando naquela e em outras áreas”, afirma Joel.
Os devastadores serão cobrados e multados. “A cidade está em processo de expansão do espaço urbano, mas as pessoas precisam buscar a forma legal de fazer, não pode se dar de qualquer forma. Pelo menos quatro pessoas serão autuadas pela derrubada das castanheiras, árvore protegida por Lei”, finaliza o Agente ambiental.


A partir da denúncia, Alzenilson Santos de Aquino, subsecretário da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Sedema), juntamente com técnicos do Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (Ipaam), realizaram uma fiscalização na área devastada. Os agentes comprovaram a derrubada de castanheiras, árvore protegida por Lei.
Azenilson diz que, receberam a denúncia dos moradores e juntamente com agentes do Ipaam foram ao local e comprovaram a derrubada de castanheiras numa área particular fora da área do Projeto Vila Cristina. “O proprietário do terreno já está sendo notificado. Todas as denúncias serão encaminhadas ao órgão competente do Estado, responsável pela fiscalização das árvores protegidas por Lei, como é o caso da castanheira que também faz a liberação dos cortes das mesmas se houver realmente necessidade de supressão”.
Os agentes do Ipaam ficam em Parintins até sexta-feira, 30, e vão acompanhar o caso mesmo não sendo da área de fiscalização. “Fomos a alguns pontos da cidade que têm a necessidade da supressão de castanheiras. A Sedema só pode autorizar ou indeferir o corte de árvores que não sejam proibidas por Lei. Nessa fiscalização constatamos queimadas em vários pontos da cidade e queima de castanheiras. A Sedema vai apurar esses crimes ambientais e repassar ao Ipaam”, relata Aquino.
De acordo com ele, a maioria dos incêndios que estão acontecendo no município, é criminosa, mas quando chegam aos locais de denúncia as pessoas que ateam fogo já deixaram o local e assim, não conseguem identificá-las.

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