O presidente
da Associação de Moradores da comunidade Macurany (AMMA), Antônio Marcos da
Silva, denuncia que dezenas de castanheiras continuam sendo derrubas na área da
comunidade. De acordo com ele a ação acontece sem que os órgãos competentes
possam conter a devastação do meio ambiente e o extermínio das árvores
centenárias que antes cobria toda área e gerava renda a muita gente.
“Os
comunitários denunciam e, como presidente da Amma, há duas semanas procurei os
órgão de proteção ambiental para denunciar a derrubada de castanheiras na
comunidade e ninguém aparece para inibir a devastação. Estou indignado, sem
saber a quem apelar. É triste ver isso, um senhor conhecido por Francisco
mandou derrubar três castanheiras que estavam cheias de frutos. Alguém precisa
fazer alguma coisa para evitar esse tipo de coisa”, relata Antônio Marcos.
O presidente diz que, ao procurar o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi
informado que por causa de uma Lei, a responsabilidade é do Estado que repassou
a prefeitura a área. “Fui a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sedema)
disseram que a responsabilidade da fiscalização é por conta do Instituto de
Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), e uma equipe estava chegando iria
verificar o caso. É um empurra com a barriga que não acaba mais e a devastação
do meio ambiente continua”, reclama.
O
representante da comunidade se diz triste assim como os demais comunitários
pelo extermínio das castanheiras. “A verdade é que bate uma tristeza nos
comunitários que as lágrimas descem. Essa região era a área da Ilha com a maior
quantidade de castanheiras. Na época que os ouriços estão caindo, em outros
tempos, muita gente juntava castanha, tirava uma boa renda no final da safra.
Agora, o que vemos são centenas de castanheiras sendo derrubadas. Espero que os
órgãos ambientais façam o trabalho de fiscalização para evitar o fim do
castanhal”, finaliza.
“Eu e meus
irmãos nascemos e nos criamos aqui. Minha irmã tem 84 anos e toda vez que sabe
que derrubam uma castanheira, ela chora. É questão de gostar das árvores, da
natureza e, lembrar os bons tempos de infância, pois quando nos entendemos já
existia esse castanhal. Agora sem que possamos evitar, estão destruindo tudo”.
Assim, a
senhora Maria do Socorro Lima de Oliveira, 82, que há quase um ano tenta a
liberação para cortar uma castanheira derrubada por um temporal, para
aproveitar a madeira, não consegue. “Não derrubamos castanheiras, e pelo menos
há um ano, o temporal derrubou uma no meu quintal e não consigo licença para
serrá-la e aproveitar a madeira”, conta.
Dona Socorro
lamenta, “enquanto tentamos legalmente retirar a madeira de uma árvore que
tombou com a força dos ventos e não conseguimos, outros derrubam dezenas de
castanheiras e muitas vezes nem se quer são advertidos. Só quero aproveitar a
madeira e não consigo e se não fizerem logo a liberação, a madeira vai se
estragar”.
Dona Maria
revela que há muitos anos a família vive naquele local. “Minha família vive
aqui há mais de cem anos. Minha mãe nasceu se criou e faleceu aos 97 anos aqui
nesse local. Ela era filha de Francisco Lima (o Chico Macura). Meu avô, veio do
Nordeste ainda jovem, desde então morou aqui e adorava esse lugar. O apelido
“Macura” foi dado a ele por que morava a margem do Lago Macurany”.
Segundo ela,
mesmo com a casa na cidade não abandonou o local. “Digo para meus filhos que não queria sair
daqui nem depois de morta, pois adoro esse lugar que é maravilho. Espero que as
autoridades possam evitar essa devastação e mantenham o castanhal de pé”,
finaliza Dona Maria Macura.
A reportagem
do Gazeta Parintins, foi até o escritório local do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na manhã de segunda-feira,
27, levar a denúncia dos moradores do Macurany. Os agentes ambientais Joel
Araújo, Geraldo Silva e Maise Repolho, se dirigiram a comunidade e constataram
o fato.
Segundo ele,
após a denúncia a equipe chegou ao local e constatou a derrubada de castanheira
e outras árvores nativas. “A realidade é que no local está acontecendo um
processo de avanço sobre a vegetação, que se dá de duas formas. Uma é do
complexo habitacional Vila Cristina, um modelo licenciado. Tudo que for feito
dentro do projeto tem que ser cobrado do Estado, no caso pelo Ipaam, que fez o
licenciamento. Mas vamos requerer o projeto para fazer o acompanhamento”,
garante.
De acordo com
o agente ambiental, outro processo é feito por pessoas que desmatam e cortam
árvores para tirar madeira para construir ou ampliar casas. “Em relação ao
corte de castanheira e exploração de madeira, vamos notificar os proprietários
dos terrenos. Qualquer castanheira derrubada que não esteja devidamente
licenciada, a multa é de R$500,00. O Ibama vai fazer sua parte para inibir a
devastação e lutar em defesa dos recursos naturais, já a prefeitura através da
Sedema e o Estado através do Ipaam, não estão fazendo a fiscalização, aqui na
nossa cidade”, afirma o ambientalista.
Durante a
fiscalização foram encontradas nove castanheiras derrubadas. “Um motosserra que
estava sendo usado no corte de castanheira dentro do projeto, foi trazido ao
Ibama para averiguação de licença e na manhã de ontem 28, eles apresentaram o documento do motosserra e
liberamos. A partir de agora vamos continuar atuando naquela e em outras
áreas”, afirma Joel.
Os
devastadores serão cobrados e multados. “A cidade está em processo de expansão
do espaço urbano, mas as pessoas precisam buscar a forma legal de fazer, não
pode se dar de qualquer forma. Pelo menos quatro pessoas serão autuadas pela
derrubada das castanheiras, árvore protegida por Lei”, finaliza o Agente
ambiental.
A partir da
denúncia, Alzenilson Santos de Aquino, subsecretário da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Sedema), juntamente com técnicos
do Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (Ipaam), realizaram uma
fiscalização na área devastada. Os agentes comprovaram a derrubada de
castanheiras, árvore protegida por Lei.
Azenilson diz
que, receberam a denúncia dos moradores e juntamente com agentes do Ipaam foram
ao local e comprovaram a derrubada de castanheiras numa área particular fora da
área do Projeto Vila Cristina. “O proprietário do terreno já está sendo
notificado. Todas as denúncias serão encaminhadas ao órgão competente do
Estado, responsável pela fiscalização das árvores protegidas por Lei, como é o
caso da castanheira que também faz a liberação dos cortes das mesmas se houver
realmente necessidade de supressão”.
Os agentes do
Ipaam ficam em Parintins até sexta-feira, 30, e vão acompanhar o caso mesmo não
sendo da área de fiscalização. “Fomos a alguns pontos da cidade que têm a
necessidade da supressão de castanheiras. A Sedema só pode autorizar ou
indeferir o corte de árvores que não sejam proibidas por Lei. Nessa
fiscalização constatamos queimadas em vários pontos da cidade e queima de
castanheiras. A Sedema vai apurar esses crimes ambientais e repassar ao Ipaam”,
relata Aquino.
De acordo com
ele, a maioria dos incêndios que estão acontecendo no município, é criminosa,
mas quando chegam aos locais de denúncia as pessoas que ateam fogo já deixaram
o local e assim, não conseguem identificá-las.
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