Revoltados com quem pratica roubo e furto na cidade, populares espancam acusados pelos atos
O aumento no
número de furtos que vem acontecendo em Parintins começa a revoltar os ilhéus.
Nesse fim de semana, dois jovens sentiram na pele a fúria de algumas pessoas
que os espancaram após os dois serem acusados de furto e roubo. A ação rápida
da Polícia Militar (PM) evitou os linchamentos.
As ações
ocorreram em menos de três horas uma da outra em locais diferentes. A primeira
vítima foi um menor de 17 anos, morador da rua 6, Itaúna II. O fato aconteceu
por volta de 1h de sábado, 26, após furtar a bolsa de uma vendedora de
churrasco com o dinheiro que adquiriu com as vendas. Uma menor de 12 anos que
acompanhava a irmã de 27 anos segurava a bolsa no momento do assalto.
Segundo uma
pessoa que estava no local e não quis revelar o nome por medo de represália, o
elemento aproveitou a distração da menina a empurrou e tomou a bolsa dela.
“Esses marginais estão muito abusados e não têm vergonha na cara. Ele agiu como
se não tivesse pessoas no local, se revoltaram e foram atrás dele para
recuperar o dinheiro”, conta a testemunha.
Renda
De acordo
ela, fregueses conhecem as vítimas e sabem que a venda de churrasco sustenta
aproximadamente sete pessoas na casa. “Quando vimos que o cara estava roubando
o dinheiro delas o pessoal se revoltou e saímos atrás dele, conseguimos pegá-lo
e recuperar o dinheiro. Quando ele ameaçou a partir pra cima querendo bater
todo mundo, um homem começou e os outros ajudaram a bater nele”, afirma a cidadã.
A PM chegou
ao local e conseguiu evitar o linchamento. O delinquente está na Delegacia
Especializada no Combate ao Crime contra o Menor, Mulheres e Idosos (DECCMMI).
“Hoje ele deve ter uma conversa com a Delegada Ana Denise. Para um Jurista que
estava na Delegacia o delinquente é menor e o Ato é Infracional. Pelo Eca
(Estatuto da Criança e do Adolescente), ele logo estará fora cometendo as
mesmas atrocidades”, diz.
Vítimas
Outra vítima
de tentativa de linchamento no fim de semana foi o ex-preso de Justiça Pedro
Vasconcelos Dinelli 28 (o Pedrinho) morador da rua Nhamundá, Palmares. Ele é
acusado de praticar pelo menos seis arrombamentos na francesa e Centro. O
proprietário de uma residência o encontrou por volta de 4h de sábado, 26, dormindo
no local do crime. Ele deu alarme e pessoas perseguiram, espancaram e acionaram
a Polícia Militar (PM) que prendeu o suspeito.
Segundo as
Ocorrências registradas na 3ª Delegacia Interativa de Polícia (3ª DIP), três
vítimas denunciaram Pedro Vasconcelos. O proprietário de uma residência na rua
Terra Santa, Palmares, acusa o ex-presidiário de arrombar a porta da cozinha da
casa dele por volta de 3h de quinta-feira, 24, e furtar celular, roupas, tênis
e R$ 350,00. Outro cidadão acusa Pedrinho de ter arrombado uma residência na
rua Barreirinha na madrugada de sexta-feira, 25, de onde furtou um celular.
A terceira
vítima do arrombador é morador da Senador José Esteves, Centro. Ele afirma que
estava fora há uma semana e ao chegar por volta de 4h de sábado, entrou na casa
e deparou com o elemento dormindo. Assustado pediu socorro e populares
perseguiram e espancaram o acusado. Uma ação rápida sob o comando do sargento
C. Barros, foi ao local e evitou o sinistro. Pedrinho foi conduzido ao Padre
Colombo e conduzido a 3ª DIP por furto. Ele estava com hematomas e ferimentos
por todo corpo.
Pedro
Vasconcelos Dinelli afirma, “isso tudo é armação de um desafeto meu. Ele soube
que eu saí do presídio e disse que armaria para que eu voltasse, um colega dele
chegou a mim e pediu para eu dormir na casa, estava porre e quando acordei o
cara estava me acusando de ladrão. Muita gente se revoltou e começou a me
espancar, tentei me defender, estou todo quebrado, mas sou inocente e o cara
que armou sabe disso”, se defende o acusado.
Registros
Nos últimos
dois meses, pelo menos seis pessoas acusadas de agressão, furto e roubo, na
sede e no interior do município foram espancadas por populares, segundo
informações da Polícia Militar. O comandante do 11º Batalhão, Major Valadares,
diz que a PM vai continuar realizando os serviços para diminuir as incidências
de furtos e roubos na cidade.
Segundo ele,
toda vez que populares pegam meliantes no local do delito, acabam fazendo
justiça com as próprias mãos, como forma de demonstrar indignação pelas
atitudes cometidas pelos infratores. “Pela frequência desse tipo de feitos por
esses elementos, os cidadãos de bem acabam explodindo e tentam resolver o
problema coma as próprias mãos”, diz o Sargento.
O Comandante
afirma que a revolta da população não é exclusiva de Parintins, mas, de todo
país. “Segundo dados nos últimos meses pelo menos 5 ou 6 casos dessa natureza
aconteceram em Parintins e na Vila Amazônia”.
O Major
assegura que tem convicção que o fato deve continuar toda vez que um meliante
for pego durante o ato. “Para amenizar esse tipo de ação, vamos implementar o
policiamento ostensivo e deslumbraremos as estratégias para combater os furtos
e roubos. Vamos reforçar o policiamento velado (Inteligência Militar) para que
em parceria com os delegados Ivo Cunha e Ana Denise possamos tirar de
circulação os meliantes que atuam em Parintins”, finaliza o Comandante.
Casos
Além dos
casos registrados no fim de semana, Emerson do Nascimento Coelho, 33, morador
do Itaúna II, Deivison de Jesus da Silva, 21, morador da Comunidade Nossa
Senhora de Nazaré, Zé Açú e o auxiliar de pedreiro Júlio dos Santos Santarém,
18, morador da Thomaszinho Meireles, Itaúna I, foram espancados por pessoas
revoltas com eles.
Emerson Coelho,
33, foi espancado após ser acusado de furtar o celular de uma senhora de 58
anos. O furto aconteceu nas proximidades da Ponte Amazonino Mendes, presenciado
por dezenas de populares que não o lincharam porque uma guarnição da Polícia
Militar passava no local e conteve os agressores. Emerson passou horas em
observação no Padre Colombo e depois foi apresentado na 3ª DIP.
Vila
Deivison da
Silva, 21, escapou de ser linchado no fim da manhã de terça-feira, 1º de
janeiro. Segundo testemunhas após o acusado furtar um veículo teria colocado em
risco a vida de muitas pessoas que transitavam na Estrada da Vila Amazônia. No
incidente o carro tombou em uma vala e populares aplicaram uma surra no nele
que ficou dias internado.
A tentativa
de linchamento aconteceu a aproximadamente 5 quilômetros da Vila. Deivison foi
encontrado amarrado em um buraco com escoriações pelo corpo. Marcas na cabeça,
rosto, boca e olho sinalizaram que ele foi espancado com violência.
Outro fato de
tentativa de linchamento aconteceu em 1º de dezembro de 2012, na Thomaszinho
Meireles, Itaúna I, contra o auxiliar de pedreiro Júlio Santarém. Ele foi
acusado de desferir uma facada em uma grávida de oito meses. Segundo uma tia de
Deivison ele foi espancado por um grupo de pessoas e sofreu um ferimento de
faca no ombro direito e traumatismo craniano.