quinta-feira, 25 de abril de 2013

Deficientes impedidos de estudar por falta de profissionais qualificados


   Um deficiente visual ouviu do professor que não daria aula para cegos

 “São lamentáveis os fatos que vem acontecendo em algumas escolas da rede estadual de ensino em Parintins. Um deficiente visual ao precisar pagar uma disciplina, ao chegar na sala de aula ouviu do professor que ele não daria aulas para cegos. No Caburi outro deficiente que estudava na escola municipal, ao chegar na estadual teve que desistir por falta de apoio para continuar os estudos. Isso é um absurdo”.
Com essas palavras Elenilson Ramos, presidente da União dos Deficientes Visuais de Parintins (Udevip) demonstra indignação com os fatos ocorridos em Parintins envolvendo pessoas com deficiência que tentam buscar nas salas de aula, oportunidades de aprender, se qualificar e através do trabalho ter melhor qualidade de vida, mas, estão fora das salas de aula. Para Elenilson, isso acontece por falta de condições físicas e contratações de profissionais qualificados para atuar com deficientes nas escolas estaduais.

Inclusão

Ramos revela que a Constituição Federal prevê a inclusão social, mas os gestores das escolas estaduais deveriam exigir do governo a contratação de profissionais qualificados para lidar com esse público. “O caso que aconteceu no Caburi e na própria sede do município quando um estudante teria que pagar uma matéria e foi destratado pelo professor, demonstra o despreparo dos profissionais para lidar com deficientes que chegam a desistir dos estudos”, frisa.
O presidente ressalta que inclusão social não é só oferecer vaga na escola, mas é dar condições para que o deficiente possa desenvolver atividades e buscar qualificação profissional. “Reivindicamos uma Audiência Pública na Câmara Municipal que acontece às 9h do dia 26, e levaremos esses e outros assuntos voltados às pessoas com deficiência”, revela. Na audiência estarão representantes do Ministério Público, Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conede), Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Seped), instituições de pessoas com deficiência, comunidade em geral e autoridades convidadas.

                                   Trabalho

                Professora Denilza atua na área da inclusão social

Ao saber do caso, a professora Denilza de Souza Teixeira, que atua na área de inclusão social e como intérprete na escola João Bosco, apresentou a coordenadoria da Seduc Parintins uma ideia do que poderia solucionar o problema e proporcionar aos deficientes a oportunidade de aprendizado.
“Nós professores que atuamos nessa área, já conversamos a esse respeito. Acreditamos que para resolver o problema a Seduc Parintins deveria constituir uma equipe de profissionais com formação específica de atendimento educacional especializado para atender nas escolas da rede estadual de educação”, frisa.
A professora afirma que esse seria o primeiro passo para que a educação inclusiva da rede estadual começasse a ser realmente concretizada. “Com isso cada deficiência que chegasse às escolas seriam atendidas, já que a equipe ajudaria os profissionais da educação a entenderem o processo, bem como ajudaria a comunidade escolar a entender seus direitos e deveres quanto a educação inclusiva”, acrescenta.
Denilza informa que na rede estadual existem em torno de 23 escolas, e acredita que uma equipe com 3 profissionais preparados para lidar com o caso, preparar os materiais pedagógicos e orientar o professor a lidar com esses alunos, resolveria o problema. “A partir das matrículas a equipe faria o levantamento do quantitativo de pessoas com deficiência matriculadas em cada escola e a partir daí organizar formação, não só dos professores, mas para a comunidade em torno da escola. A verdade é que todos precisam se sensibilizar para que seja tomada uma atitude perante essa situação”, diz a professora.

                           Seduc

               Rita Carmem está interinamente a frente da Seduc em Parintins

A professora Rita Carmem Viana, que está interinamente a frente da coordenadoria da Seduc em Parintins afirma que a situação precisa ser resolvida. “Vamos iniciar conversações para que a ideia da professora Denilza seja estudada. Com a formação de uma equipe pedagógica e professores capacitados no sentido de buscar meios para que os alunos em suas diversas especificidades de deficiência possam ser atendidos na rede pública estadual, tudo pode mudar”, comenta.
Para Rita a partir da formação de uma equipe que saiba quantos estudantes com deficiência estão matriculados na rede pública, serão elaborados projetos pedagógicos específicos para esses alunos. “Assim os estudantes podem ter acessibilidade às escolas e os professores capacitados estarão especificamente para atendê-los. Sabemos que na rede estadual existem professores com essa capacitação”, salienta.
Segundo a professora, vão reunir e montar uma equipe com esses professores para tentar solucionar o problema. “Sem dúvida esse deve ser um passo importante da Seduc para que as escolas recebam os deficientes. A partir da nomeação do novo coordenador, o assunto será o primeiro a ser trabalhado”, assegura.
A coordenadora interina garante que com o conhecimento dos casos vão buscar envolver professores para que todos estejam engajados no processo de inclusão social. “A partir da postura da coordenadoria em formar uma equipe e buscar soluções para que os deficientes permaneçam em salas de aulas, temos a esperança de proporcionar a eles oportunidade, que a inserção desses estudantes com deficiência possa ser muito maior nas universidades”.


Nota

Sobre a afirmativa do presidente da União dos Deficientes Visuais de Parintins (Udevip), Elenilson Ramos,  de que na Agrovila do Caburi um deficiente que estudava na escola municipal, ao chegar na estadual teve que desistir por falta de apoio para continuar os estudos, a direção da Escola Estadual Caburi, publicou  nota afirmando que “desde o ano passado já estávamos nos preparando para receber o referido aluno, não sendo procurados pelo mesmo ou seus familiares fomos até sua residência e o convidamos para estudar, dando todo suporte possível para que o mesmo tivesse interesse em estudar, mas recebemos uma resposta negativa, outros professores voltaram com ele e continuou sem nos dar nenhuma chance de convencimento, por isso o mesmo está fora de sala de aula por opção sua e não por a escola não querê-lo ou por não ter suporte”, esclarece.

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