A música o “Novenário” autoria de Cileno, ficou em primeiro lugar. Sandra de Sá empolgou o público
A 4º edição do Festival Amazonas de Música, realizado em Parintins pela primeira vez, encerrou no sábado (28) com resultados inesperados. Cerca de cinco mil pessoas prestigiaram o evento que movimentou a cidade.
Segundo Natália Meny, diretora de eventos da Secretaria de Cultura do Amazonas, a cidade mereceu um festival desta magnitude. “O festival foi um sucesso e Parintins foi à escolha certa, a cidade merecia um festival grandioso. Ele gerou mais de 500 empregos, movimentou restaurantes, hotelaria e todo um mercado. Tivemos grandes nomes da música amazonense, representantes de Parintins concorrendo e vencendo e a música brasileira nacional com Milton Nascimento na abertura e Sandra de Sá encerrando o evento”.
Importância
Compositores e músicos enfatizaram a importância de festivais de canções na cidade. Paulinho Du Sagrado enfatizou a nova oportunidade. “O público tem a referência do parintinense de toadeiro. Nossas obras têm outra oportunidade com o Festival, nova chance de apresentar nossos trabalhos em outro contexto”.
Fred Góes, compositor e músico parintinense, ressalta o incentivo a outros estilos musicais: “Esse festival é um incentivo a outros eventos, pois a diversidade musical é muito grande. É importante frisar que a pluralidade faz parte da concepção do ser humano e este evento valorizou músicas distintas rock pauleira, rap, hip hop, sem esquecer a Orquestra de Beiradão, com estilo mais amazônico”.
A cantora amazonense Eliana Printes, parabenizou os músicos. “Estou feliz de participar de alguma forma do Festival e parabenizo os artistas e músicos pelo trabalho feito. Este festival representa uma oportunidade de renovação e, ao mesmo tempo, de confiança no trabalho realizado. Há a produtividade de cultura musical e serve de incentivo aos jovens talentos”.
Premiados
Para o cantor Cileno o nível do festival foi surpreendente
A música o “Novenário” autoria do cantor Cileno, ficou em primeiro lugar e conquistou R$ 18 mil. “O nível do festival foi alto e o resultado surpreendente. Quando anunciaram as três músicas e não me chamaram, eu pensei, não serei escolhido. Fiquei surpreso quando me anunciaram e só tenho a agradecer a Cosme e Damião e São Sebastião”.
“Lendário Calendário Maia”, de Gil Valente, obteve R$ 15 mil com o segundo lugar e “Resgate” de Afonso Toscano, em terceiro R$ 10 mil. O prêmio de melhor letra foi também conquistada pela canção “Lendário Calendário Maia”, de Gil Valente, premiada com mais 5 mil reais.
A melhor intérprete foi Lily Andrade, com “Bendita Música”, de Candido Rodrigues, premiada com R$ 5 mil. “Soube que fui finalista pelo telefone. Quando recebi o resultado final, não acreditei! Foi uma organização tamanha. O nível do festival estava muito alto, não tinha como saber quem era melhor. Tenho 52 anos de estrada e meu conselho aos mais novos é ter humildade, dinamismo, seriedade, determinação, tudo isso é importante na nossa profissão. Hoje eu tenho orgulho de ser amazonense!”, enfatiza.
Ciryanne Souza interpretou a canção Por do Sol vencedora pelo voto popular
O compositor parintinense, Tadeu Garcia, fez a Melhor Canção eleita pelo voto popular e recebeu de R$ 3 mil. “Por do Sol” foi interpretada pela cantora parintinenseCiryanne Souza. “Fiquei nervosa, apreensiva, mas depois tudo foi passando. Ser escolhida pelo voto popular, com a canção do Tadeu foi uma glória de Deus. Para o artista é importante participar porque é uma oportunidade de ser mais conhecido dentro do universo da música popular brasileira”.
Atração nacional
A diva da black music, Sandra de Sá empolgou os presentes no Bumbódromo
Por volta das 22h, a diva da blackmusic, Sandra de Sá, empolgou os presentes no Bumbódromo, com sucessos imortais como “Sarara Crioulo”, “Joga fora no lixo”, “Solidão”, “Não Chore Mais” e outras músicas. Entre uma música e outra cantada, Sandra falou sobre a atual situação do país e a conscientização do povo. “O povo brasileiro leva porrada por segundos e levanta. Se dá ao luxo de se divertir, cantar e recarrega a bateria, sem esquecer os direitos e os deveres que tem lá fora e aqui dentro também. Por tudo que tá acontecendo no país ultimamente, as pessoas, o ser humano, o brasileiro está ficando mais consciente e como é um povo de fé respeitada, tudo vai dar pé por causa da fé. Imagina o dia que juntar a fé do brasileiro com a consciência? A consciência está chegando e a fé a gente já tem”.
Ao cantar“Joga fora no lixo”, a diva agradeceu aos parintinenses pelo carinho e respeito recebido, além de evocar o respeito a pluralidade religiosa. “Agradeço a Deus, mas pode ser a Jeová, Ogum, Xangô e a todos os nomes que Deus tem nas outras religiões. Se salva quem é bom e não a religião, então, é bom respeitar as crenças religiosas de todos”.
Entre os trechos da música “Sarará Crioulo” a cantora retomou a conscientização do povo e pediu. “Eu sou altamente consciente e confiante, acredito no meu povo brasileiro! E o povo está se conscientizando”.
Surpresa
Sandra de Sá, foi ao camarim, e retornou ao palco e cantou no meio do público
90 minutos depois de entrar no palco, Sandra de Sá, foi ao camarim, e retornou ao palco e cantou no meio do público, repetindo a frase: “os parintinenses me respeitam!”. O público recebeu Sandra com alegria em vários pontos da arena, em cima da mureta que divide o fosso da arquibancada do Bumbódromo.
“Sandra na galera, não sabíamos de nada. Ficamos apreensivos, mas o povo a abraçou, a recebeu com muito carinho e foi muito bacana. Esta é a prova da educação parintinense. A gente comprova isso todos os anos, com o respeito mútuo da galera dos Bois todos os anos”, diz, Natália Meny, diretora de eventos da Secretaria de Cultura do Amazonas.
Fãs, como a dona de casa Carminha, 46, aproveitaram para abraçar a estrela na arena: “Nunca pensei chegar perto, tocar nela. Foi ótimo receber o carinho de Sandra de Sá”.
Mel do Carmo Marinho D’Oran, 11, ao centro, é fã da cantora Sandra de Sá
A musa da black music encantou todas as idades. Mel do Carmo Marinho D’Oran, 11, cantou todas as músicas e confessa: “Eu conheci Sandra de Sá pela minha mãe, sou muito fã. Foi muito bom o show, ela dançou e cantou muito e fez o público se animar”.
Maria Hilma Oliveira, 59, emocionada afirma: “É um momento único da Música Popular Brasileira. Há muito tempo eu desejava conhecer pessoalmente esse trabalho maravilhoso, principalmente porque se trata de uma cantora negra que foi muito discriminada e continuou persistindo até o sucesso”.
Por Carly Anny Barros / Geandro Soares
Fotos: Geandro Soares