sábado, 14 de setembro de 2013

Arte de tecer tala e cipó gera renda no município




Itamogi tece talas e cipós para confeccionar peneiras, paneiros e tipitis em sua casa

Os aposentados Itamogi José Carvalho, 67, e a esposa dele, Dilza Xavier Carvalho, 65, moradores da rua Beira Rio, bairro União, tem 14 filhos e são parintinenses que não desistem de lutar por uma vida melhor. Assim, eles se valeram da arte de tecer talas e cipós para montar uma fábrica de peneiras, paneiros e tipitis em sua residência.
Segundo Itamogi, eles moravam no interior e, por causa da falta de incentivo dos governos, vieram morar em Parintins na busca de melhor concição de vida. “Durante 30 anos moramos na comunidade Santa Maria do Murituba. Sobrevivíamos de agricultura e de uma pequena criação de gado, mas devido à falta de incentivo, por parte do Governo. As coisas foram ficando ruim e optámos em morar na sede do Município”.

Fábrica

O aposentado revela que em momento de dificuldade encontraram maneira de sobreviver e ajudar outras pessoas. “Essa fábrica foi uma forma de contribuir com nossa renda e de muitas outras famílias, pois conseguimos beneficiar muita gente que mora no interior. Antes era difícil encontrar tipiti e paneiro nos comércios locais. Desde quando começamos a fazer esses materiais, pessoas do interior e comerciantes da cidade vêm aqui comprar as peças; geralmente vamos aprontando e eles já estão esperando”, enfatiza.
 “Os tipitis, peneiras e paneiros são confeccionados com a tala de Jacitara, (espécie de palmeira), com cipós Ambé e Titica. Nós compramos esses materiais do pessoal do interior e isso significa renda para muitas pessoas. Fico feliz em poder ajudá-las e contribuir para o movimento do comércio na cidade e interior. Pois, com o dinheiro, nossos fornecedores de matéria-prima compram roupas e mantimentos”, comemora o Artista.

                  Arte

     Dilza aprendeu o ofício com a sogra e o aperfeiçoou para fazer o acabamento

Os utensílios que os tecelões Itamogi e esposa confeccionam servem para fazer a farinha vendida nas feiras e mercearias da cidade. Segundo ele, ainda jovem aprendeu a tecer os utensílios.  “Era muito jovem e morava na Ilha do Vale. O Horácio Castro, senhor já bastante idoso, reuniu 17 pessoas da minha idade e nos ensinou o ofício. Na época, fiz porque sempre quis aprender a fazer as coisas. Mas hoje é disso que tiro uma renda extra para ajudar a família. Já ensinei muita gente e, se preciso, ensinarei mais pessoas”, afirma.
Já Dilza Carvalho conta que aprendeu o ofício com a sogra, o aperfeiçoou para fazer o início e o acabamento dos tipitis de forma rápida. “Aqui funciona como uma fábrica, primeiro limpamos e preparamos o material. Em seguida eu começo fazendo a cabeça do tipiti e passo para o Itamogi que tece o corpo. Quando ele termina, o tipiti volta a mim para eu tecer o rabo ou o acabamento. É possível preparar e tecer, em média, 3 tipitis por dia. Cada um é vendido a 25 reais”, finaliza.


          Cada tipiti é vendido por 25 reais

Texto e fotos: Ataíde Tenório

Nenhum comentário:

Postar um comentário