Itamogi tece talas e
cipós para confeccionar peneiras, paneiros e tipitis em sua casa
Os
aposentados Itamogi José Carvalho, 67, e a esposa dele, Dilza Xavier Carvalho,
65, moradores da rua Beira Rio, bairro União, tem 14 filhos e são parintinenses
que não desistem de lutar por uma vida melhor. Assim, eles se valeram da arte
de tecer talas e cipós para montar uma fábrica de peneiras, paneiros e tipitis
em sua residência.
Segundo
Itamogi, eles moravam no interior e, por causa da falta de incentivo dos
governos, vieram morar em Parintins na busca de melhor concição de vida.
“Durante 30 anos moramos na comunidade Santa Maria do Murituba. Sobrevivíamos
de agricultura e de uma pequena criação de gado, mas devido à falta de
incentivo, por parte do Governo. As coisas foram ficando ruim e optámos em
morar na sede do Município”.
Fábrica
O
aposentado revela que em momento de dificuldade encontraram maneira de
sobreviver e ajudar outras pessoas. “Essa fábrica foi uma forma de contribuir
com nossa renda e de muitas outras famílias, pois conseguimos beneficiar muita
gente que mora no interior. Antes era difícil encontrar tipiti e paneiro nos
comércios locais. Desde quando começamos a fazer esses materiais, pessoas do
interior e comerciantes da cidade vêm aqui comprar as peças; geralmente vamos
aprontando e eles já estão esperando”, enfatiza.
“Os tipitis, peneiras e paneiros são
confeccionados com a tala de Jacitara, (espécie de palmeira), com cipós Ambé e
Titica. Nós compramos esses materiais do pessoal do interior e isso significa
renda para muitas pessoas. Fico feliz em poder ajudá-las e contribuir para o
movimento do comércio na cidade e interior. Pois, com o dinheiro, nossos
fornecedores de matéria-prima compram roupas e mantimentos”, comemora o
Artista.
Arte
Dilza aprendeu o ofício com a sogra
e o aperfeiçoou para fazer o acabamento
Os
utensílios que os tecelões Itamogi e esposa confeccionam servem para fazer a
farinha vendida nas feiras e mercearias da cidade. Segundo ele, ainda jovem
aprendeu a tecer os utensílios. “Era
muito jovem e morava na Ilha do Vale. O Horácio Castro, senhor já bastante
idoso, reuniu 17 pessoas da minha idade e nos ensinou o ofício. Na época, fiz
porque sempre quis aprender a fazer as coisas. Mas hoje é disso que tiro uma
renda extra para ajudar a família. Já ensinei muita gente e, se preciso,
ensinarei mais pessoas”, afirma.
Já Dilza Carvalho conta que
aprendeu o ofício com a sogra, o aperfeiçoou para fazer o início e o acabamento
dos tipitis de forma rápida. “Aqui funciona como uma fábrica, primeiro limpamos
e preparamos o material. Em seguida eu começo fazendo a cabeça do tipiti e
passo para o Itamogi que tece o corpo. Quando ele termina, o tipiti volta a mim
para eu tecer o rabo ou o acabamento. É possível preparar e tecer, em média, 3
tipitis por dia. Cada um é vendido a 25 reais”, finaliza.
Cada tipiti é vendido por 25 reais
Texto e fotos: Ataíde Tenório
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