quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cobranças, confissões e vaias durante manifesto estudantil


            Alunos exigiram do poder público municipal soluções para os problemas da escola

   Alegando não aguentar mais o calor dentro das salas de aula e o odor insuportável da fossa séptica, alunos da Escola Municipal Irmã Cristine, no Itaúna II, promoveram na manhã de segunda-feira (23), um manifesto. Eles exigiram do poder público municipal, soluções para esse e outros problemas na escola. Durante o manifesto, alguns representantes do prefeito que estavam no local foram vaiados. O secretário municipal de educação, Eduardo França Lessa Júnior, afirmou que 40 escolas no município estão em situação de calamidade.
A manifestação começou por volta de 7h30 quando centenas de estudantes, pais e alguns professores foram para frente da escola exigir que os problemas sejam solucionados. Os estudantes exibiram cartazes e gritaram: “queremos arcondicionados nas salas de aula, água gelada, quadra coberta, comida de qualidade e fossa adequada”. Por volta de 8h, uma comitiva formada pelo professor Eduardo Lessa, a controladora do município Eliane Melo, os vereadores Rildo Maia, Cabo Ernesto de Jesus e Carlos Augusto das Neves, chegou ao colégio para tentar apaziguar a situação.

Problemas

Segundo a estudante do 9º ano, Tamires de Andrade Cavalcante, 15, a escola não oferece condições para obter um bom aprendizado. “Só queremos o direito de estudar, sem arcondicionado não conseguimos ficar nas salas, é muito quente. Quando exigimos nossos direitos, muitos professores são contra, não aguentamos mais e queremos que os gestores do município solucionem o problema para que a escola funcione, por isso o manifesto”.
A estudante afirma que além dos arcondicionados, existem problemas na fossa, o bebedouro não gela a água, a quadra não está coberta, a iluminação na escola é precária e querem um o refeitório. “Os representantes do prefeito queriam saber por que não fizemos um Abaixo Assinado? Se isso resolvesse não tínhamos vindo às ruas fazer manifesto. Queriam ficar sem resolver nada, nós queremos soluções e que os problemas sejam resolvidos. Não podemos ficar sem aulas, pois sem educação ninguém é nada”, lamenta a estudante.

 Secretaria

                  Eduardo Lessa disse que iluminação e outros reparos serão providenciados
  
O professor Eduardo Lessa conseguiu acalmar o ânimo dos manifestantes e após reunir com professores e representantes do ato, reuniu com a direção da escola, coordenadores, pedagogos e representantes do prefeito. Por volta de 11h, o secretário anunciou que os reparos nos arcondicionados, iluminação e outras manutenções serão providenciados. Não falou nada quanto a cobertura da quadra e da construção de refeitório.
Lessa informou que pelo menos 40 escolas no município funcionam de forma precária e disse o porquê dos casos não serem divulgados. “Existem escolas em situação caótica que precisam de reparos com urgência, sem piso adequado, com a cobertura comprometida, sem portas, um estado de calamidade. Se divulgarmos, o caso vai virar uma guerra política”, falou. O professor garantiu que o município já fez levantamento e estuda formas de resolver os problemas.

Indignação

Em meio às discussões, o estudante da 3ª etapa da Eja, na escola, Dino Araújo Ribeiro, indignado deixou a sala de reunião. “Fizemos uma manifestação para que os problemas da escola sejam resolvidos, e querem nos enrolar com assuntos de situações que não queremos e nem devemos ouvir. Queremos abordar os assuntos a respeito do que viemos tratar, que é encontrar meios para solucionar os problemas que atrapalham o funcionamento da escola e nosso aprendizado”.

  Vaias

           Durante o manifesto, vaias foram dirigidas para componentes da comissão enviada ao local pelo prefeito

Durante o manifesto, vais foram dirigidas a componentes da comissão enviada ao local pelo prefeito. A primeira a sentir a indignação dos manifestantes foi a Controladora do Município, Eliane Melo, que ao responder a pergunta dos manifestantes que exigiam a presença do prefeito, afirmou que se ele tivesse no local ficaria envergonhado com o manifesto.
O presidente da Câmara Municipal, Rildo Maia, pediu calma aos pais e alunos e afirmou que a escola deveria ter passado por reparos, pois disponibilizava de recursos em caixa, foi vaiado porque se referiu ao recurso do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Segundo professores do educandário, as regras para o gasto dos recursos, não são claros, e os coordenadores da área em Parintins, não orientaram em que pode ou não ser gasto.

PDDE

O caso foi razão de mais vaias a um professor que atua na Secretaria de Educação. Ele argumentou que os docentes da escola deveriam conhecer as formas de gastar o dinheiro e resolver os problemas como os que fizeram acontecer a manifestação. O professor de Língua Portuguesa, Raimundo Ruy Mendes Júnior, não concordou com a exposição e exigiu respeito a ele e os colegas. “Não temos culpa do que está acontecendo. Reparos como esses exigem uma demanda de recursos que só o sistema pode resolver. Gastamos dinheiro do próprio bolso para comprar materiais pedagógicos, mas não podemos resolver problemas como esses. O professor foi infeliz na colocação, fiquei chateado e a culpa não é da escola. Essa situação pode prejudicar o desempenho dos estudantes no Ideb que acontece em novembro. Espero que o município resolva isso, pois os alunos precisam assistir aulas sem passar mal, aprender e mostrar bons resultados, só assim ficarei feliz”, lembra o professor.
O vereador Carlos Augusto também não escapou das vais durante o discurso. Ele apontou uma das professoras da escola de apoiar o movimento porque fazia parte da administração passada. Os presentes não gostaram da atitude e iniciou outra discussão entre as partes.

 Gestão

         Gestora diz que foram enviados a Semed 8 ofícios 
  
 Segundo a professora Elane Piedade, gestora da escola, as aulas vão parar por uma semana para que os problemas sejam solucionados. “Os serviços de reparos da fossa e iluminação será feito pela prefeitura. As compras de peças e reparos dos arcondicionados serão feito com dinheiro do PDDE, mas deve passar por aprovação da equipe gestora que determina o que pode ser comprado com o dinheiro”, ressalta.

A escola Irmã Cristine é a maior no município com 18 salas de aulas, secretaria, banheiros e cozinha e atende dois mil alunos nos turnos matutino, vespertino e noturno. Segundo a direção, somente este ano, foram enviados a Semed oito ofícios pedindo que os problemas que ocasionaram o manifesto fossem solucionados, mas nada foi resolvido. O vereador Cabo Ernesto, representante dos bairros Itaúnas, Paulo Corrêa e União, na Câmara, também fez vários requerimentos ao Poder Executivo, mas também não obteve resposta.

   Ataíde Tenório

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