Alegando
não aguentar mais o calor dentro das salas de aula e o odor insuportável da
fossa séptica, alunos da Escola Municipal Irmã Cristine, no Itaúna II,
promoveram na manhã de segunda-feira (23), um manifesto. Eles exigiram do poder
público municipal, soluções para esse e outros problemas na escola. Durante o
manifesto, alguns representantes do prefeito que estavam no local foram
vaiados. O secretário municipal de educação, Eduardo França Lessa Júnior,
afirmou que 40 escolas no município estão em situação de calamidade.
A
manifestação começou por volta de 7h30 quando centenas de estudantes, pais e
alguns professores foram para frente da escola exigir que os problemas sejam
solucionados. Os estudantes exibiram cartazes e gritaram: “queremos
arcondicionados nas salas de aula, água gelada, quadra coberta, comida de
qualidade e fossa adequada”. Por volta de 8h, uma comitiva formada pelo
professor Eduardo Lessa, a controladora do município Eliane Melo, os vereadores
Rildo Maia, Cabo Ernesto de Jesus e Carlos Augusto das Neves, chegou ao colégio
para tentar apaziguar a situação.
Problemas
Segundo a
estudante do 9º ano, Tamires de Andrade Cavalcante, 15, a escola não oferece
condições para obter um bom aprendizado. “Só queremos o direito de estudar, sem
arcondicionado não conseguimos ficar nas salas, é muito quente. Quando exigimos
nossos direitos, muitos professores são contra, não aguentamos mais e queremos
que os gestores do município solucionem o problema para que a escola funcione,
por isso o manifesto”.
A estudante
afirma que além dos arcondicionados, existem problemas na fossa, o bebedouro
não gela a água, a quadra não está coberta, a iluminação na escola é precária e
querem um o refeitório. “Os representantes do prefeito queriam saber por que
não fizemos um Abaixo Assinado? Se isso resolvesse não tínhamos vindo às ruas
fazer manifesto. Queriam ficar sem resolver nada, nós queremos soluções e que
os problemas sejam resolvidos. Não podemos ficar sem aulas, pois sem educação
ninguém é nada”, lamenta a estudante.
Secretaria
Eduardo Lessa disse que iluminação e outros reparos serão providenciados
O professor
Eduardo Lessa conseguiu acalmar o ânimo dos manifestantes e após reunir com
professores e representantes do ato, reuniu com a direção da escola, coordenadores,
pedagogos e representantes do prefeito. Por volta de 11h, o secretário anunciou
que os reparos nos arcondicionados, iluminação e outras manutenções serão
providenciados. Não falou nada quanto a cobertura da quadra e da construção de
refeitório.
Lessa
informou que pelo menos 40 escolas no município funcionam de forma precária e
disse o porquê dos casos não serem divulgados. “Existem escolas em situação
caótica que precisam de reparos com urgência, sem piso adequado, com a
cobertura comprometida, sem portas, um estado de calamidade. Se divulgarmos, o
caso vai virar uma guerra política”, falou. O professor garantiu que o
município já fez levantamento e estuda formas de resolver os problemas.
Indignação
Em meio às
discussões, o estudante da 3ª etapa da Eja, na escola, Dino Araújo Ribeiro,
indignado deixou a sala de reunião. “Fizemos uma manifestação para que os
problemas da escola sejam resolvidos, e querem nos enrolar com assuntos de
situações que não queremos e nem devemos ouvir. Queremos abordar os assuntos a
respeito do que viemos tratar, que é encontrar meios para solucionar os
problemas que atrapalham o funcionamento da escola e nosso aprendizado”.
Vaias
Durante o
manifesto, vais foram dirigidas a componentes da comissão enviada ao local pelo
prefeito. A primeira a sentir a indignação dos manifestantes foi a Controladora
do Município, Eliane Melo, que ao responder a pergunta dos manifestantes que
exigiam a presença do prefeito, afirmou que se ele tivesse no local ficaria
envergonhado com o manifesto.
O
presidente da Câmara Municipal, Rildo Maia, pediu calma aos pais e alunos e
afirmou que a escola deveria ter passado por reparos, pois disponibilizava de
recursos em caixa, foi vaiado porque se referiu ao recurso do Programa Dinheiro
Direto na Escola (PDDE). Segundo professores do educandário, as regras para o
gasto dos recursos, não são claros, e os coordenadores da área em Parintins,
não orientaram em que pode ou não ser gasto.
PDDE
O caso foi
razão de mais vaias a um professor que atua na Secretaria de Educação. Ele
argumentou que os docentes da escola deveriam conhecer as formas de gastar o
dinheiro e resolver os problemas como os que fizeram acontecer a manifestação.
O professor de Língua Portuguesa, Raimundo Ruy Mendes Júnior, não concordou com
a exposição e exigiu respeito a ele e os colegas. “Não temos culpa do que está
acontecendo. Reparos como esses exigem uma demanda de recursos que só o sistema
pode resolver. Gastamos dinheiro do próprio bolso para comprar materiais
pedagógicos, mas não podemos resolver problemas como esses. O professor foi
infeliz na colocação, fiquei chateado e a culpa não é da escola. Essa situação
pode prejudicar o desempenho dos estudantes no Ideb que acontece em novembro.
Espero que o município resolva isso, pois os alunos precisam assistir aulas sem
passar mal, aprender e mostrar bons resultados, só assim ficarei feliz”, lembra
o professor.
O vereador
Carlos Augusto também não escapou das vais durante o discurso. Ele apontou uma
das professoras da escola de apoiar o movimento porque fazia parte da
administração passada. Os presentes não gostaram da atitude e iniciou outra
discussão entre as partes.
Gestão
A escola
Irmã Cristine é a maior no município com 18 salas de aulas, secretaria,
banheiros e cozinha e atende dois mil alunos nos turnos matutino, vespertino e
noturno. Segundo a direção, somente este ano, foram enviados a Semed oito
ofícios pedindo que os problemas que ocasionaram o manifesto fossem
solucionados, mas nada foi resolvido. O vereador Cabo Ernesto, representante
dos bairros Itaúnas, Paulo Corrêa e União, na Câmara, também fez vários
requerimentos ao Poder Executivo, mas também não obteve resposta.
Ataíde Tenório
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