segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Agentes ambientais do Macurany e Parananema contra humanos que destroem a natureza e exterminam espécies na região

  Agentes ambientais reclamam da invasão de pescadores que coletam ovos, capturam quelônios e outras espécies 

Agentes ambientais das comunidades Macurany e Parananema, área suburbana de Parintins, reclamam da invasão de pescadores que coletam ovos, capturam quelônios, pirarucus, tambaquis e outras espécies proibidas por lei nos lagos daquela região. Outra reclamação é sobre as criações de búfalos que estariam devastando a vegetação no local e prejudicando o desenvolvimento do Projeto Pé de Pincha. Segundo eles, a falta de apoio governamental e de fiscalização pelos órgãos competentes, são as principais responsáveis pelos ocorridos.
Segundo o ambientalista Luiz Viana, morador do Parananema, o descaso dos órgãos ambientais em Parintins com o meio ambiente é antigo, por isso, se afastou da direção do Pé de Pincha da comunidade. Ele afirma que mesmo após várias denúncias na delegacia de Polícia e órgãos de proteção a natureza, contra pescadores que depredam os lagos, e da criação de búfalos na Área de Preservação Ambiental (Apa), o problema continua e se agrava a cada dia.

  Descaso

         Além das pessoas, búfalos destroem ninhadas de quelônios nas várzeas e a vegetação

“Não temos apoio nem do prefeito, nem do governador do Estado. Lutamos muito contra o descaso dos órgãos que deveriam fiscalizar e evitar a destruição da natureza. Já tentamos conscientizar fazendeiros que teimam em criar búfalo na área, e pessoas que praticam a pesca predatória nos lagos. Sem efeito dos diálogos até denunciamos a criação de búfalos do senhor Oswaldo Ferreira aqui na comunidade. Pedimos que os animais fossem retirados da área de preservação, mas nada foi feito, nem pela Polícia ou órgãos ambientais”, afirma Luiz Viana.

                   Agentes utilizam canoa para fiscalizar os lagos da região de Macurany e Parananema

O ambientalista revela que há 17 anos luta pela preservação dos lagos e igarapés da região. “Jamais penso em desistir, se isso acontecer, estarei condenado as gerações futuras a não conhecerem tracajá, tartarugas, pirarucus, tambaquis e outras espécies que hoje a pesca é proibida por lei. Essas espécies dependem de pessoas abdicadas, pois os seres humanos que deveriam preservá-las, querem destruir. Ano passado meus próprios vizinhos mataram tartarugas, pirarucus e outras espécies proibidas, e este ano já temos informação que continuam a ação e já tiraram ovos de tartarugas”.

  Reclamação

            Luiz Viana relata que mesmo sem apoio do município, vai orientar os coordenadores

Segundo Viana, existem pessoas que sabem que o gado búfalo destrói tudo, mas insistem em mantê-los nas várzeas onde destroem a vegetação, pisoteiam as ninhadas de quelônios e espantam outras espécies que vivem nos lagos. “Já denunciámos, mas não sei se por medo ou outra coisa, ninguém faz nada para impedir a destruição. Registrei hoje (sábado) Boletim de Ocorrência contra o dono dos búfalos”, afirma.
Luiz ressalta que mesmo sem apoio do município, Estado e órgãos ambientais, vai orientar os coordenadores do Projeto Pé de Pincha a irem buscar ajuda de empresários e amigos para evitar a ação dos predadores na região. “A bondade dessas pessoas e a vontade dos agentes ambientais é a única forma de preservar as espécies que estão em perigo”.
Tentamos contato com o fazendeiro Oswaldo Ferreira pelo celular final 2060, para falar sobre o caso, mas as chamadas eram desviadas para Caixa Postal.

  Pé de Pincha


                  Sandro Silva afirma que é triste assistir sem poder fazer  nada

O Projeto Pé de Pincha tem o objetivo de preservar as espécies de quelônios da Amazônia, mas segundo o jovem Sandro Silva e Silva, coordenador do projeto da comunidade Macurany, este ano está mais difícil realizar a coleta dos ovos. “Não temos apoio da Sedema, Ibama e Polícia Ambiental para combater as ações dos predadores que agem livremente no município”.
Segundo Sandro, com a falta de fiscalização, os lagos da região são invadidos e os pescadores saqueiam as ninhadas de tracajás, tartarugas e os ovos que seriam coletados, colocados nas chocadeiras e depois de nascidos os filhotes passariam um tempo recebendo cuidados para que fossem soltos no habitat natural.
Silva relata que é triste assistir sem poder fazer nada, ver pessoas sem a mínima consciência agindo na depredação da natureza. “Essas pessoas estão destruindo um trabalho de preservação que fazemos há anos. Vamos novamente procurar os órgãos ambientais, empresário, políticos e pessoas que possam nos ajudar para que façamos o trabalho de preservação. Se alguém quiser nos ajudar pode ligar para (92) 9318-1543 e doar gasolina, pilha e mantimento para que possamos fazer rodízio de equipes de agentes ambientais voluntários nos lagos, só assim vamos poder coletar os ovos”, apela o jovem.

  Ação

                 Ordiley Souza diz que muitos comunitários estão comercializando ovos

Para o agente ambiental Odirley Souza, é necessário que durante o período da vazante dos rios, equipes de agentes ambientais da própria comunidade permaneçam nos lagos em vigília para evitar a invasão de pescadores. “Nosso trabalho não é para impedir os comunitários de consumirem quelônios, pois essa carne faz parte do hábito alimentar do interiorano, mas não queremos que haja a pesca predatória”.
Odirley relata que muitos comunitários estão pegando os quelônios e coletando ovos para comercializar em Parintins. “Não é justo que essas pessoas que nunca nos ajudaram na preservação das espécies atrapalhem nosso trabalho. Coletamos os ovos, cuidamos dos filhotes e os soltamos na natureza, mas sem o trabalho dos órgãos ambientais, que é de fiscalizar, os invasores prejudicam todo o trabalho. É triste dizer, mais a falta de atitude dos governantes e dos órgãos ambientais, é uma vergonha!”

Fato

No fim da manhã de sábado (5), quando entrevistávamos os agentes ambientais, um fato chamou atenção da equipe do Jornal Gazeta Parintins quando, pessoas que moram na região do lago do “Poção” ligaram para Luiz Viana informando que pelo menos duas canoas estavam naquele lago cheias de tracajás, tartarugas e pirarucus.
Por volta de 9h, tentamos contato com a Coordenadoria Municipal de Meio Ambiente com agentes e fiscais do Ibama, mas as ligações caiam na caixa postal. Conseguimos contato com o Coordenador de Defesa Civil do Município, o Bombeiro Civil Suamy Patrocínio, que entrou em contato com o gerente local do Ibama.
Por volta de 13h30 o gerente do Ibama, Welington Ferreira, nos informou que a averiguação para comprovar ou não o caso não poderia ser feita por que o órgão está sem estrutura para realizar fiscalizações, pois, não dispõe se quer de combustível para que os agentes possam fazer as ações.

                                 Futuro ameaçado!


 Ataíde Tenório

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