Agentes ambientais
reclamam da invasão de pescadores que coletam ovos, capturam quelônios e outras espécies
Agentes ambientais das comunidades
Macurany e Parananema, área suburbana de Parintins, reclamam da invasão de
pescadores que coletam ovos, capturam quelônios, pirarucus, tambaquis e outras
espécies proibidas por lei nos lagos daquela região. Outra reclamação é sobre
as criações de búfalos que estariam devastando a vegetação no local e
prejudicando o desenvolvimento do Projeto Pé de Pincha. Segundo eles, a falta
de apoio governamental e de fiscalização pelos órgãos competentes, são as
principais responsáveis pelos ocorridos.
Segundo o ambientalista Luiz Viana,
morador do Parananema, o descaso dos órgãos ambientais em Parintins com o meio
ambiente é antigo, por isso, se afastou da direção do Pé de Pincha da
comunidade. Ele afirma que mesmo após várias denúncias na delegacia de Polícia
e órgãos de proteção a natureza, contra pescadores que depredam os lagos, e da
criação de búfalos na Área de Preservação Ambiental (Apa), o problema continua
e se agrava a cada dia.
Descaso
Além das pessoas, búfalos destroem
ninhadas de quelônios nas várzeas e a vegetação
“Não temos apoio nem do prefeito, nem
do governador do Estado. Lutamos muito contra o descaso dos órgãos que deveriam
fiscalizar e evitar a destruição da natureza. Já tentamos conscientizar
fazendeiros que teimam em criar búfalo na área, e pessoas que praticam a pesca
predatória nos lagos. Sem efeito dos diálogos até denunciamos a criação de
búfalos do senhor Oswaldo Ferreira aqui na comunidade. Pedimos que os animais
fossem retirados da área de preservação, mas nada foi feito, nem pela Polícia
ou órgãos ambientais”, afirma Luiz Viana.
Agentes utilizam canoa para
fiscalizar os lagos da região de Macurany e Parananema
O ambientalista revela que há 17 anos
luta pela preservação dos lagos e igarapés da região. “Jamais penso em
desistir, se isso acontecer, estarei condenado as gerações futuras a não
conhecerem tracajá, tartarugas, pirarucus, tambaquis e outras espécies que hoje
a pesca é proibida por lei. Essas espécies dependem de pessoas abdicadas, pois
os seres humanos que deveriam preservá-las, querem destruir. Ano passado meus
próprios vizinhos mataram tartarugas, pirarucus e outras espécies proibidas, e
este ano já temos informação que continuam a ação e já tiraram ovos de
tartarugas”.
Reclamação
Luiz Viana relata que mesmo sem apoio
do município, vai orientar os coordenadores
Segundo Viana, existem pessoas que
sabem que o gado búfalo destrói tudo, mas insistem em mantê-los nas várzeas
onde destroem a vegetação, pisoteiam as ninhadas de quelônios e espantam outras
espécies que vivem nos lagos. “Já denunciámos, mas não sei se por medo ou outra
coisa, ninguém faz nada para impedir a destruição. Registrei hoje (sábado) Boletim
de Ocorrência contra o dono dos búfalos”, afirma.
Luiz ressalta que mesmo sem apoio do
município, Estado e órgãos ambientais, vai orientar os coordenadores do Projeto
Pé de Pincha a irem buscar ajuda de empresários e amigos para evitar a ação dos
predadores na região. “A bondade dessas pessoas e a vontade dos agentes
ambientais é a única forma de preservar as espécies que estão em perigo”.
Tentamos contato com o fazendeiro
Oswaldo Ferreira pelo celular final 2060, para falar sobre o caso, mas as chamadas
eram desviadas para Caixa Postal.
Pé de Pincha
Sandro
Silva afirma que é triste assistir sem poder fazer nada
O Projeto Pé de Pincha tem o objetivo
de preservar as espécies de quelônios da Amazônia, mas segundo o jovem Sandro
Silva e Silva, coordenador do projeto da comunidade Macurany, este ano está
mais difícil realizar a coleta dos ovos. “Não temos apoio da Sedema, Ibama e
Polícia Ambiental para combater as ações dos predadores que agem livremente no
município”.
Segundo Sandro, com a falta de fiscalização,
os lagos da região são invadidos e os pescadores saqueiam as ninhadas de
tracajás, tartarugas e os ovos que seriam coletados, colocados nas chocadeiras
e depois de nascidos os filhotes passariam um tempo recebendo cuidados para que
fossem soltos no habitat natural.
Silva relata que é triste assistir
sem poder fazer nada, ver pessoas sem a mínima consciência agindo na depredação
da natureza. “Essas pessoas estão destruindo um trabalho de preservação que
fazemos há anos. Vamos novamente procurar os órgãos ambientais, empresário,
políticos e pessoas que possam nos ajudar para que façamos o trabalho de
preservação. Se alguém quiser nos ajudar pode ligar para (92) 9318-1543 e doar
gasolina, pilha e mantimento para que possamos fazer rodízio de equipes de
agentes ambientais voluntários nos lagos, só assim vamos poder coletar os
ovos”, apela o jovem.
Ação
Ordiley Souza diz que
muitos comunitários estão comercializando ovos
Para o agente ambiental Odirley
Souza, é necessário que durante o período da vazante dos rios, equipes de
agentes ambientais da própria comunidade permaneçam nos lagos em vigília para
evitar a invasão de pescadores. “Nosso trabalho não é para impedir os
comunitários de consumirem quelônios, pois essa carne faz parte do hábito
alimentar do interiorano, mas não queremos que haja a pesca predatória”.
Odirley relata que muitos
comunitários estão pegando os quelônios e coletando ovos para comercializar em
Parintins. “Não é justo que essas pessoas que nunca nos ajudaram na preservação
das espécies atrapalhem nosso trabalho. Coletamos os ovos, cuidamos dos
filhotes e os soltamos na natureza, mas sem o trabalho dos órgãos ambientais,
que é de fiscalizar, os invasores prejudicam todo o trabalho. É triste dizer,
mais a falta de atitude dos governantes e dos órgãos ambientais, é uma
vergonha!”
Fato
No fim da manhã de sábado (5), quando
entrevistávamos os agentes ambientais, um fato chamou atenção da equipe do
Jornal Gazeta Parintins quando, pessoas que moram na região do lago do “Poção”
ligaram para Luiz Viana informando que pelo menos duas canoas estavam naquele
lago cheias de tracajás, tartarugas e pirarucus.
Por volta de 9h, tentamos contato com
a Coordenadoria Municipal de Meio Ambiente com agentes e fiscais do Ibama, mas
as ligações caiam na caixa postal. Conseguimos contato com o Coordenador de
Defesa Civil do Município, o Bombeiro Civil Suamy Patrocínio, que entrou em
contato com o gerente local do Ibama.
Por volta de 13h30 o gerente do
Ibama, Welington Ferreira, nos informou que a averiguação para comprovar ou não
o caso não poderia ser feita por que o órgão está sem estrutura para realizar
fiscalizações, pois, não dispõe se quer de combustível para que os agentes
possam fazer as ações.
Futuro ameaçado!
Ataíde Tenório
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