Recorde na coleta de ovos de quelônios é
comemorado pelos agentes ambientais voluntários
Após muito
sofrimento, noites sem dormir e se esquivando das ameaças de morte sofridas
durante mais um ano de luta pela preservação de quelônios, o ambientalista
Raimundo Costa dos Santos, 50, (o Raimundo Bananeira) morador da comunidade
Mirizal, no rio Mamuru, comemora o recorde na coleta de ovos pelos agentes
ambientais voluntários daquela região. Segundo ele, em torno de oito mil ovos
de tracajás, pitiús, cabeçudos e tartarugas, foram coletados e implantados nas
chocadeiras em três comunidades.
Bananeira
revela que na região do Mamuru existem treze comunidades onde moram
aproximadamente 3.800 pessoas, mas somente as comunidades Sabina, Nossa Senhora
de Lurdes (conhecida como Forca) e Mirizal pertencem ao projeto. “Somos apenas
seis agentes ambientais e mesmo sem apoio do Ibama, Sema e Polícia Ambiental,
fazemos nosso trabalho. Só contamos com a ajuda de Deus e sabemos que no final
seremos vitoriosos”.
Vitória
Segundo o
ambientalista, na Sabina mais de 90% dos comunitários fazem parte do projeto e
a chocadeira está com aproximadamente 1.300 ovos. Na comunidade da Forca, a
chocadeira está com aproximadamente 350 ovos, e no Mirizal 5.300, entre ovos de
tracajá, pitiús e cabeçudos. Ele comemora que nas três chocadeiras, também
estão implantados mais de 1.000 ovos de tartarugas, o que totaliza quase oito
mil ovos de quelônios ao que ele chama de vitória em favor da natureza.
Raimundo
Santos se diz entusiasmado em ver que na comunidade Sabina, famílias inteiras
se unem para realizar as coletas e sente a felicidade em participar do projeto
contribuindo para o bem estar deles e da natureza. “Espero que um dia esse
sentimento de preservação que tomou conta dos moradores contagie todos das
comunidades do Mamuru e região. Como forma de agradecimento, os agentes colocam
nas placas de identificação das ninhadas, o nome das famílias que realizaram a
coleta”.
Conscientização
Raimundo Santos diz entusiasmado com o
projeto
Para o
voluntário, muitas pessoas que ainda não se conscientizaram os ameaçam de morte
e têm a finalidade de amedrontá-los para que desistam do trabalho, mas não vão
desistir. “A natureza precisa de nós. Preservar as espécies é preservar o
futuro de nossos descendentes e dos próprios descendentes dessas pessoas. Eu
não vou brigar com eles, pois trabalho hoje para que um dia ainda possa ver os
filhos, netos ou bisnetos deles lutando conosco pela preservação do lugar onde
moramos e de onde tiramos nosso sustento”.
Segundo
ele, no local ainda podem contemplar animais, matas e praias que a natureza
proporciona e a luta contra a devastação e poluição é árdua. “Sabemos que a
luta é por uma causa justa e pelo bem estar de várias espécies. Deus determina
as coisas que faremos de bem para todos, e nos momentos de luta sentimos aquela
força que vem Dele e por isso acreditamos na vitória. Se todos abraçarem a
causa, os dias que hão de vir ao invés de fome, teremos fartura, pois se
preservarmos os quelônios, vamos aprender a preservar os rios, peixes e as
matas”, finaliza.
Ataíde Tenório
Nenhum comentário:
Postar um comentário