quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Agricultor relata que foi ameaçado de processo por desistir de projeto de financiamento

          O agricultor Vicente Batista desistiu do financiamento que fez em janeiro de 2013

O produtor rural, Vicente Melo Batista, 73, morador da comunidade Nossa Senhora Aparecida do Panauaru, desistiu do financiamento que fez em janeiro de 2013, no Banco da Amazônia (Basa) para aquisição de um lote de gado melhorado geneticamente. A justificativa do produtor é que foi enganado pelo senhor Klinger Reis Oliveira, técnico da Cooperativa dos Técnicos Multiprofissionais em Agropecuária (Cootempa) e pelo banco, por não ter recebido o gado após um ano da assinatura do contrato.
A decisão aconteceu durante uma reunião por volta de 10h30 no Basa com os senhores Vicente Melo Batista, Edilson Pereira Batista, o gerente do banco Roberto Araújo Silva, Carlos Augusto de Souza Dias, que seria fornecedor do gado e um técnico do Basa identificado como Pedro. “Desistir porque fui enganado por ambas as partes. Este mês fez um ano que assinei o contrato e não recebi o gado que financiei, e pior, acabei com o que eu tinha. Vamos dar início para que o caso chegue ao Ministério Público e haja uma investigação para saber por que isso aconteceu comigo e se existe mais alguém passando pelo mesmo problema em Parintins”, afirma o produtor rural.

Humilhação

Vicente revela que é humilhado, passa vergonha e não aguenta mais servir de chacota para vizinhos e conhecidos que a todo tempo perguntam pelo rebanho, que por não ter recebido chamam de misterioso. “Fico triste, não foi pra isso que fiz um financiamento. O pior é que o gerente disse que eu posso ser processado por ter desistido do projeto. Como se fosse eu que tivesse descumprido o contrato, mas tenho minha consciência tranquila que não enganei ninguém, e sim fui enganado”.
Além disso, o produtor diz que está sendo pressionado a pagar o empréstimo de uma só vez. “O gerente quer que eu pague a parte do dinheiro que recebi de uma só vez. Esse dinheiro eu gastei fazendo cercas e curral para receber o gado. Não estou me recusando a pagar porque sei que devo, mas só posso pagar parcelado. Eu fui enganado e prejudicado, e eles dizem que eu quebrei o contrato com o banco e posso ser processado por isso. Pra mim o banco e a Cootempa me enganaram e eles que merecem ser processados. Vou procurar meus direitos e a justiça vai julgar o caso. Mas tenho certeza que me enganaram”.

    Roberto Araújo aguarda a carta do agricultor oficializando a desistência

Roberto Araújo Silva, gerente do Basa, informa que aguarda uma carta do senhor Vicente oficializando a desistência do projeto. “Enquanto ele não trouxer a carta, oficialmente não desistiu. Quando oficializar o pedido vamos repassá-lo aos nossos superiores. Sobre o parcelamento, também só os superiores decidem se pode ou não”. Perguntado sobre a possibilidade de o senhor Vicente ser processado pelo banco, o gerente se limitou a dizer que as pessoas entendem o que querem e muitas vezes fantasiam coisas. “Estamos esperando o cliente materializar por escrito a desistência do projeto para que possamos tomar as providências necessárias”.

Cootempa

           Cópia do laudo para a liberação do dinheiroe aquisição do gado


Carlos Adenyr Brandão, presidente da Cootempa, se diz preocupado com a situação envolvendo a entidade. “Ao tomar conhecimento do caso requeri junto ao gerente do Banco da Amazônia, cópia do laudo para a liberação do dinheiro e aquisição do gado. A finalidade é nos respaldar enquanto cooperativa, pois através desse documento podemos saber a real situação do caso”. Brandão revela ainda que assim pode se verificar e analisar a competência ou erro dos profissionais quanto a liberação do dinheiro pelo banco ao fornecedor. “Mas precisamos de uma conclusão plausível para que coisas desse tipo não se repitam. Todo processo de crédito do Pronaf é regido por uma normativa clara e enfática, o recurso só pode ser liberado após todo material financiado, seja máquina, equipamentos e principalmente animais, ter sido entregue. Se for constatado que o gado não foi entregue ao senhor Vicente, erro na passagem desse recurso para o fornecedor e um possível erro técnico do profissional que elaborou e acompanhou o projeto, que é ligado a Cootempa, vamos querer saber como o Banco da Amazônia fez esse deposito ao fornecedor sem constatar a veracidade do fato. Essa situação não é confortável para nós e queremos concluir o caso que chega a nos preocupar, pois o Pranaf é um financiamento reconhecido no Brasil como um dos melhores, ele tem futuro e aqui em Parintins não pode recuar”, finaliza Carlos Brandão.

Ataíde Tenório

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