Número de adolescentes grávidas em Parintins é muito alto, declara estudante de medicina (foto: Internet)
O acadêmico de medicina da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Allen Souza Pessoa, 23, que faz
estágio em medicina preventiva e social em Parintins, está surpreso com o
número de adolescentes grávidas no município. Allen é um dos seis estagiários
do Internato Rural da Ufam que estão na cidade desde o dia 4 de dezembro de
2013, e realizam atendimentos médicos nos postos de saúde Aldrin Verçosa,
Darlinda Ribeiro e no interior.
O estudante enfatiza que durante
atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em Parintins, é detectado
principalmente gravidez na adolescência. “A maioria das pessoas procura os
postos de saúde por causa de gripe, resfriado e infecções diarreicas, mas o que
chamou atenção de todos os acadêmicos, foi o alto índice de gravidez precoce.
Não temos quantidade exata, mas em Parintins o número de adolescentes grávidas
é muito alto”.
O futuro médico cita que gravidez
precoce é uma realidade que precisa ser amenizada, não só em Parintins, mas
noBrasil. “Para minimizar esse problema na adolescência, campanhas preventivas
deveriam ser realmente massificadas, como uso de preservativos e de outros
métodos contraceptivos”.
Orientação
Allen Pessoa ressalta que uma
gravidez precoce pode ocasionar inúmeros problemas para a sociedade
Para Allen, além de todos os métodos
que podem ser adotados pelo poder público paracombater a gravidez precoce, a
família que é a base de uma boa sociedade, também precisa orientar os filhos.
“Com a divulgação maciça das campanhas de educação sexual, tanto nas escolas
quanto de pais e filhos, acreditamos que essa problemática diminuiria, mas
teria que haver uma união de forças para combater esse risco iminente”.
O profissional em saúde afirma que
falar sobre sexo ainda é um tabu na sociedade, mas acredita que o paradigma
precisa ser quebrado, pois, os jovens sem conhecimento sobre sexo, podem ser
facilmente iludidos pelas pressões de outros jovens. “Nesse caso as meninas por
pressão dos namorados, promessas e até pelo próprio sentimento que elas sentem
naquele momento, acabam se deixando levar, o resultado é o grande índice de
adolescentes e jovens grávidas”.
Pessoa diz ainda que uma gravidez
precoce pode ocasionar inúmeros problemas de contexto social e na saúde das
meninas. “Uma gravidez não planejada pode gerar problemas e transtornos, tanto
no contexto de saúde à adolescente quanto social. Primeiro que uma criança
passa a cuidar de outra e muitas vezes, a criança traz um transtorno para as
famílias e pela juventude dos pais do bebê, a avo tem que cuidar do neto. E
pior, se for diferente, o futuro dos adolescentes e da própria criança fica
comprometido”.
Consequências
Allen também lembra que por uma
gravidez não desejada, as adolescentes correm o risco de não poder mais
estudar. “Com a gravidez é comum que as jovens abandonem os estudos que gera a
evasão escolar. Sem estudo essa mãe não vai estar preparada para o mercado de
trabalho e pior, a gravidez precoce pode causar uma complicação para a saúde,
como o risco de hipertensão e complicações no parto. A adolescente ainda não
desenvolveu toda a anatomia do corpo necessário para suportar uma gestação, o
bebê pode nascer prematuro, com baixo peso, e isso pode trazer complicações
também a criança”, salienta.
A reportagem do Gazeta Parintins foi
até a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) na manhã quarta-feira (22) para que a secretária, Rainez
Rocha, se pronunciasse sobre o assunto, mas ela não se encontrava. No início da
tarde, através da coordenadoria de comunicação, Rainez que assumiu o cargo no
início do ano, afirmou que está tomando conhecimento da pasta, mas até hoje,
terá um relatório sobre o assunto e poderá conceder entrevista ao jornal.
Ataíde Tenório (ataidetenorio1@hotmail.com)
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