Venda de artesanato para
turistas caiu 80% desde a construção do Terminal Hidroviário de Parintins
Desde a construção do Terminal Hidroviário de
Parintins em 2006 a venda de artesanato para turistas estrangeiros na Ilha
Tupinambarana tem registrado queda de 80%. Os dados são de Carlos Alberto
Brasil Souza, 52, presidente da Associação de Figurinistas e Artesões de
Parintins (Asfapin). Ele se sente indignado com a situação e apela às
autoridades competentes para solucionar o caso do porto. A preocupação é quanto
aos prejuízos à geração de renda para a categoria e outros profissionais que
atuam direto ou indiretamente com o turismo na cidade.
Carlos Alberto enfatiza que o fato acontece em
virtude de época de temporada turística, os transatlânticos que antes atracavam
no Porto de Parintins, agora tem restrição e ficam ancorados no meio do rio
Amazonas. Para o artesão, isso ocorre por causa de erro no projeto da estrutura
de sustentação da balsa do novo porto. Aos trabalhadores, o superintendente dos
Portos da Amazônia, Sebastião da Silva Reis, prometeu que os reparos na
estrutura de sustentação da balsa seriam feitos para grandes navios puderem
atracar no local.
Promessa
Supervisora do Porto de Parintins, Gildeth Pires Dias Prado
A reportagem do GAZETA PARINTINS procurou a
supervisora do Porto de Parintins, Gildeth Pires Dias Prado. A administradora
tem conhecimento da indignação dos artesãos relacionada aos prejuízos que
alegam sofrer ao longo dos anos com o porto sem receber os transatlânticos. Ela
garantiu que já existe por parte da Superintendência Estadual de Navegação,
Portos e Hidrovias (SNPH) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit), a vontade de realizar os reparos para corrigir o probleba.
Gildeth Prado confirma que o Porto de Parintins
não está adequado para receber os transatlânticos. “Existe um documento da
Marinha do Brasil no qual indica que o porto só tem capacidade para receber
embarcações regionais de até duas mil e quinhentos toneladas. Não autorizamos a
atracação dos transatlânticos. Essas embarcações possuem toneladas de peso
bruto muito superior à capacidade do porto e se a atracarem, podem danificar a
estrutura, assim como gerar um problema muito sério. Por isso a proibição”,
explica.
Estudo
Estudos sobre uma nova
readequação do sistema de sustentação do porto estão sendo feitos pelo Dnit
Segundo Gildeth Prado, a população cobra a solução
do problema junto a SNPH que repassou a situação para o Dnit. Ela garante que o
caso tramita há algum tempo naquele órgão. “É uma questão de tempo. Não temos
um prazo definido para que esses reparos aconteçam, mas com certeza o caso já
foi levado ao conhecimento da autoridade, a quem compete autorizar essa
alteração e reparo no porto. A partir disso, certamente vai ser feito outro estudo
e, após aprovado, o projeto deve ser feita licitação”, destaca.
Sem revelar nome, um trabalhador da área portuária
diz não entender como uma obra tão cara não funciona. “Não consigo acreditar
que uma obra que consumiu mais de R$ 25 milhões não funcione. Deveria haver uma
investigação para se descobrir se o dinheiro realmente foi gasto integralmente.
Não entendo de economia nem de engenharia, mas sei que algo nesse local não
cheira bem. Gente é nosso dinheiro e a justiça nada faz. Terão que fazer uma nova
reforma, da reforma da reforma e mais milhões serão gastos. Quem vai pagar
somos nós”, questiona.
Riscos
Em 2009 e 2011 a obra ficou
interditada devido a
enchente
De acordo com o cidadão, desde a inauguração em
2006, o porto nunca funcionou 100% e já sofreu várias interdições. “Já se falou
até em risco de desabamento da ponte de ligação com a balsa flutuante. E os
responsáveis pelo problema não aparecem. Na época da inauguração da obra, no
final do ano, Alfredo Nascimento era ministro dos transportes e aparecia na TV
falando das obras portuárias que fez. Ele sabe que essa obra nunca prestou, mas
não lembro que tenha se explicado sobre o caso. Como a justiça brasileira não
funciona, quem acaba pagando a conta é o povo”, acentua.
“Essa foi construída pelo Exercício Brasileiro. Em
2009 e 2011 foi tudo no fundo e ficou interditado da metade do ano de 2010 até
julho de 2011 para nova reforma na obra. Até a ponte de acesso com a balsa do
cais já foi condenada por causa do projeto mal feito. No período das cheias dos
rios, embaixo da extensão dessa ponte acumula muito lixo como capim, madeira e
barrancos trazidos pela correnteza. Tem riscos de um acidente, inclusive já
causou fissura na emenda que sustenta a ponte. Tiveram que fazer o reparo”,
revelou trabalhador.
Gildeth Prado afirma que no projeto de reparo da
estrutura do porto, nesse item também haverá reparo. “As treliças de
sustentação da ponte de acesso à balsa, que tem 108 metros de comprimento, hoje
é para baixo, serão invertidas e posicionadas para cima. Com isso não haverá
mais acumulo de lixo”, pontua. Sobre os andamentos dos estudos e preços da nova
reforma da obra, a supervisora não soube precisar e repassou o contato do
Superintendente do SNPH. Nossa equipe tentou contato com Sabá Reis pelo celular
99**-**40, mas as chamadas eram direcionadas a caixa postal.
Ataíde Tenório
Nenhum comentário:
Postar um comentário