segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Obra milionária do Terminal Hidroviário de Parintins trouxe prejuízos aos artesãos

                Venda de artesanato para turistas caiu 80% desde a construção do Terminal Hidroviário de Parintins

Desde a construção do Terminal Hidroviário de Parintins em 2006 a venda de artesanato para turistas estrangeiros na Ilha Tupinambarana tem registrado queda de 80%. Os dados são de Carlos Alberto Brasil Souza, 52, presidente da Associação de Figurinistas e Artesões de Parintins (Asfapin). Ele se sente indignado com a situação e apela às autoridades competentes para solucionar o caso do porto. A preocupação é quanto aos prejuízos à geração de renda para a categoria e outros profissionais que atuam direto ou indiretamente com o turismo na cidade.
Carlos Alberto enfatiza que o fato acontece em virtude de época de temporada turística, os transatlânticos que antes atracavam no Porto de Parintins, agora tem restrição e ficam ancorados no meio do rio Amazonas. Para o artesão, isso ocorre por causa de erro no projeto da estrutura de sustentação da balsa do novo porto. Aos trabalhadores, o superintendente dos Portos da Amazônia, Sebastião da Silva Reis, prometeu que os reparos na estrutura de sustentação da balsa seriam feitos para grandes navios puderem atracar no local.

Promessa

 “A obra nova do porto foi concluída e foi para o fundo logo no primeiro ano. Fizeram a reforma e disseram que os navios iam atracar no porto. Não deu certo. Ficou até pior do que antes, pois no porto antigo os transatlânticos atracavam. O superintendente prometeu que os transatlânticos atracariam nesse porto, mas depois confessou que essa estrutura não tinha condições. Uma nova reforma custaria R$ 4 milhões. Até agora não foi feita e continuamos acumulando prejuízos. Então é um porto que não é porto”, lamenta o presidente da Asfapin.
  

     Supervisora do Porto de Parintins, Gildeth Pires Dias Prado 

A reportagem do GAZETA PARINTINS procurou a supervisora do Porto de Parintins, Gildeth Pires Dias Prado. A administradora tem conhecimento da indignação dos artesãos relacionada aos prejuízos que alegam sofrer ao longo dos anos com o porto sem receber os transatlânticos. Ela garantiu que já existe por parte da Superintendência Estadual de Navegação, Portos e Hidrovias (SNPH) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a vontade de realizar os reparos para corrigir o probleba.
Gildeth Prado confirma que o Porto de Parintins não está adequado para receber os transatlânticos. “Existe um documento da Marinha do Brasil no qual indica que o porto só tem capacidade para receber embarcações regionais de até duas mil e quinhentos toneladas. Não autorizamos a atracação dos transatlânticos. Essas embarcações possuem toneladas de peso bruto muito superior à capacidade do porto e se a atracarem, podem danificar a estrutura, assim como gerar um problema muito sério. Por isso a proibição”, explica.

Estudo

    Estudos sobre uma nova readequação do sistema de sustentação do porto estão sendo feitos pelo Dnit

 A supervisora revela que o Dnit desenvolveu estudo para readequação do sistema de sustentação do porto. “Existe um estudo para que seja feito um novo sistema de fundeio das boias. Elas precisam ficar instaladas nos locais para suporte adequado a atracação dos navios. Na verdade, precisa ser feita uma adaptação, fixação das boias para que não haja tanto impacto de peso sobre o cais flutuante. A partir daí pode-se emitir nova certificação com aprovação de que o porto está preparado para receber esses navios e tudo se resolve”, atesta.
Segundo Gildeth Prado, a população cobra a solução do problema junto a SNPH que repassou a situação para o Dnit. Ela garante que o caso tramita há algum tempo naquele órgão. “É uma questão de tempo. Não temos um prazo definido para que esses reparos aconteçam, mas com certeza o caso já foi levado ao conhecimento da autoridade, a quem compete autorizar essa alteração e reparo no porto. A partir disso, certamente vai ser feito outro estudo e, após aprovado, o projeto deve ser feita licitação”, destaca.
Sem revelar nome, um trabalhador da área portuária diz não entender como uma obra tão cara não funciona. “Não consigo acreditar que uma obra que consumiu mais de R$ 25 milhões não funcione. Deveria haver uma investigação para se descobrir se o dinheiro realmente foi gasto integralmente. Não entendo de economia nem de engenharia, mas sei que algo nesse local não cheira bem. Gente é nosso dinheiro e a justiça nada faz. Terão que fazer uma nova reforma, da reforma da reforma e mais milhões serão gastos. Quem vai pagar somos nós”, questiona.

Riscos
  

                Em 2009 e 2011 a obra ficou interditada devido a enchente

De acordo com o cidadão, desde a inauguração em 2006, o porto nunca funcionou 100% e já sofreu várias interdições. “Já se falou até em risco de desabamento da ponte de ligação com a balsa flutuante. E os responsáveis pelo problema não aparecem. Na época da inauguração da obra, no final do ano, Alfredo Nascimento era ministro dos transportes e aparecia na TV falando das obras portuárias que fez. Ele sabe que essa obra nunca prestou, mas não lembro que tenha se explicado sobre o caso. Como a justiça brasileira não funciona, quem acaba pagando a conta é o povo”, acentua.
“Essa foi construída pelo Exercício Brasileiro. Em 2009 e 2011 foi tudo no fundo e ficou interditado da metade do ano de 2010 até julho de 2011 para nova reforma na obra. Até a ponte de acesso com a balsa do cais já foi condenada por causa do projeto mal feito. No período das cheias dos rios, embaixo da extensão dessa ponte acumula muito lixo como capim, madeira e barrancos trazidos pela correnteza. Tem riscos de um acidente, inclusive já causou fissura na emenda que sustenta a ponte. Tiveram que fazer o reparo”, revelou trabalhador.
Gildeth Prado afirma que no projeto de reparo da estrutura do porto, nesse item também haverá reparo. “As treliças de sustentação da ponte de acesso à balsa, que tem 108 metros de comprimento, hoje é para baixo, serão invertidas e posicionadas para cima. Com isso não haverá mais acumulo de lixo”, pontua. Sobre os andamentos dos estudos e preços da nova reforma da obra, a supervisora não soube precisar e repassou o contato do Superintendente do SNPH. Nossa equipe tentou contato com Sabá Reis pelo celular 99**-**40, mas as chamadas eram direcionadas a caixa postal.







    Ataíde Tenório

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