Vicente Batista acusa ter sido
enganado pelo senhor Klinger Oliveira, técnico da Cootempa
“Estou num prejuízo irreparável,
joguei muito dinheiro fora correndo atrás, perdendo tempo, vindo e voltando do
interior pra cidade para resolver isso e nada. Até acabei com o gado que eu
tinha para ajudar a melhorar meu terreno e receber esse plantel que financiei
pelo Basa e esperava desde janeiro de 2013 e nunca me entregaram. O tempo todo
esse pessoal me engana. Agora decidir que não quero mais o gado e vou ao
Ministério Público para denunciar o caso e buscar meus direitos”.
A afirmação é do produtor rural,
Vicente Melo Batista, 73 anos de idade, morador da comunidade Nossa Senhora
Aparecida, região no Panauarú, município de Parintins. Emocionado ele afirma
que em janeiro de 2013, assinou no Banco da Amazônia (Basa), um projeto de
financiamento no valor de 47.352,00 (quarenta e sete mil, trezentos e cinquenta
e dois reais), pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), para aquisição de 20 matrizes bovinas (cobertas), as quais ele até o
momento não recebeu e agora quer desistir do projeto.
Acusação
Vicente Batista acusa ter sido
enganado pelo senhor Klinger Reis Oliveira, técnico da Cooperativa dos Técnicos
Multiprofissionais em Agropecuária (Cootempa). “Toda vez que o procurava ele
dizia que os animais já seriam entregues. Resolvi ir ao banco por que recebi um
laudo dizendo que o gado já estava na minha fazenda, e não está. Então resolvi
desistir do financiamento e levar o caso ao Ministério Público para que
investigue e saiba o que está acontecendo. Pois um sobrinho meu também teve um
problema com esse técnico. E esse pessoal me causou um prejuízo muito grande e
quero ver se a justiça me ajuda por que agora estou sem o gado que eu já tinha,
sem o gado que financiei, estou envergonhado e devendo dinheiro no banco”.
O senhor Vicente Batista afirmou
ainda que, “o Klinger me convenceu a assinar o projeto para financiar o gado,
não imaginava que pudesse estar sendo ludibriado. Só procurei a Agência do
Banco da Amazônia no final do ano passado por que recebi um laudo constando que
as matrizes que haviam sido financiadas já estariam em minha fazenda. E não
estavam, quero que haja investigação para saber como esse pessoal consegue
fazer isso. Agora será por conta da justiça descobri se há outras vítimas sendo
enganadas. Vou também pedir indenização por danos materiais e moral”.
Financiador
Após ouvir o senhor Vicente Batista,
a reportagem do Gazeta Parintins procurou o gerente local da Agência do Basa, o
senhor Roberto Araújo Silva, ele afirmou que soube do caso pelo próprio
mutuário no final do mês de novembro de 2013 e acionou as partes envolvidas
para que o problema fosse resolvido. “Ao saber do caso imediatamente contatamos
o senhor Carlos Augusto de Souza Dias, fornecedor das referidas matrizes, o
senhor Klinger Reis Oliveira, que é o técnico responsável pelo projeto, e
reunimos com o senhor Vicente Batista. Na reunião determinamos que os animais
fossem entregues no ultimo dia 27 de dezembro, o que agora soubemos que não
aconteceu. Mas vamos resolver o caso sim”.
Roberto Araújo informa ainda que ao
determinar a entrega dos animais, a fez de maneira que o mutuário não tivesse
prejuízos. “Quando seu Vicente fez o financiamento as matrizes estavam
enxertadas. Como houve demora na entrega dos animais o Banco determinou que
fosse feita a correção. Com isso ao invés de 20 matrizes, serão entregues 35
animais, matrizes e bezerros. Mas o mutuário precisa ver o gado para ver se é o
gado que ele quer para que a entrega seja feita. Como houve novamente esse
problema na entrega, já reunimos com seu Vicente, ele vai reunir com os
familiares e na segunda-feira, dia 6 de janeiro, vem ao banco e acontece a
decisão final se ele vai querer receber ou não os animais”.
Alerta
Araújo alerta as pessoas que
tiveram qualquer problema que procurem o Basa
Araújo revela que esse é um caso
isolado, mas alerta a pessoas que fizeram qualquer financiamento que
enfrentaram qualquer tipo de problema com fornecedores que procurem o banco.
“Normalmente ao fazer os financiamentos orientamos nossos mutuários que se
tiverem problemas com entregas de equipamentos ou nos equipamentos, ou como
nesse caso na demora na entrega dos animais, que procurem imediatamente o banco
para que possamos resolver o caso”.
Nossa reportagem entrevistou também o
senhor Carlos Augusto de Souza Dias, que consta no projeto como fornecedor das
matrizes. Ele alega que o gado não foi entregue de imediato por um pedido do
próprio senhor Vicente, posteriormente devido a problemas de seca dos rios.
Segundo ele o local onde fica a fazenda do cidadão, é de difícil acesso. E
agora não entregou os animais por que o senhor Vicente Batista desistiu do
projeto.
“O gado está na minha fazenda e preparado
para ser entregue desde a data do projeto. Na época do financiamento era tempo
de cheia de rio, mas não fiz a entrega de imediata por que o mutuário pediu
para que eu entregasse o gado quando o campo de várzea dele estivesse de fora e
para que o rebanho seja entregue ele antes tem que ir na minha fazenda escolher
os animais, mas ele não foi. Ultimamente tentei fazer a entrega, mas ele alegou
que por causa da demora desistiu”.
Defesa
Oliveira garante que
tudo foi gerado por causa das dificuldades de acesso até a fazenda
A equipe do Gazeta conversou com o
técnico agropecuário da Cootempa o senhor Klinger Reis Oliveira, o qual o
senhor Vicente acusa de ser o principal responsável pela demora da entrega dos
animais financiados pela agência bancária. Assim como o senhor Carlos Augusto,
fornecedor das matrizes. Klinger garante que tudo foi gerado por causa das
dificuldades devido o acesso até a fazenda do mutuário.
“O senhor Vicente foi contemplado com
um projeto de financiamento em janeiro ou fevereiro de 2013. Mas quando foi
para entregar os animais, na Boca do Caburi que dá acesso ao terreno de várzea
dele, secou, assim como o igarapé que dá acesso ao terreno dele de terra firme
no Panauarú, que é também muito difícil de chegar. E o tempo todo que era para
entregar o gado o próprio seu Vicente pedia para receber depois, o fornecedor
nunca escondeu que queria entregar o gado. Nos últimos 60 dias por exemplo já
estamos na 4ª tentativa para entregar e ele não buscou interesse de receber os
animais. O fornecedor ficou 5 dias com barco fretado esperando para que ele
fosse até a fazenda ver o gado, mas ele não compareceu”, enfatiza Klinger.
O Técnico revela ainda que “pela
determinação do Banco da Amazônia, para que seja feita a entrega de 35 animais,
ele não terá qualquer perda. A natalidade bovina na região é de 60%, como ele
vai receber 35 animais significa um ganho bem maior. Se ele for vender os
animais ele já paga o financiamento dele. O que vejo para ele não querer
receber o gado é uma questão de interferência familiar”.
Enquanto ao laudo citado pelo senhor Vicente Batista que o
gado já estaria no terreno dele, Klinger alega que o documento existe, mas não
é um comprovante que o gado estivesse no campo do mutuário. “O documento é um
laudo do profissional técnico, um pedido oficial para que o banco libere os
recursos para o fornecedor. Não é o um documento de entrega do gado ao
mutuário, tanto que para receber o gado ele precisa ir in loco a fazenda do
fornecedor, ver o gado e se ele se agradar dos animais serão transportados até
a fazenda dele”, garante Klinger.
Ataíde Tenório
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