Família
conseguiu um colchão para que o paciente não sofresse muito na viagem
O paciente
Laurence Felipe Prata da Silva, 23 anos, deixou o porto de Parintins rumo a
Capital do Estado na manhã de sexta-feira (3), jogado em um colchão colocado no
convés de uma embarcação. Pessoas ficaram revoltadas e não concordavam com
negligência que passa a saúde pública em Parintins. O jovem sobreviveu a um
acidente de trânsito dia 29 de dezembro e teve o fêmur esquerdo fraturado.
Segundo
Darlene dos Santos Vieira, 29, esposa do paciente, Laurence passou mal durante
a viagem e desembarcou em Manaus na tarde de sábado. “No porto apareceu um
rapaz da representação de Parintins na Capital do Estado. Ele queria remover
meu marido para o hospital em uma Combi, mas não tinha condições e não
concordamos. Depois conseguimos contato com a assistente social da firma onde
meu cunhado trabalha como Brigadista de Incêndio”, informou.
Paciente
O paciente
foi transportado na ambulância da empresa ao Hospital Adventista de Manaus onde
a família possui plano de saúde. “Até chegarmos nesse hospital meu marido
sofreu muito. Em Parintins, sequer fizeram mobilização para que ele pudesse
viajar. Teve muitas dores e tonturas. Chorava quando o barco balançava com
banzeiro”, confidenciou.
Os médicos
do Hospital Adventista examinaram o paciente. “Meu marido passou por avaliação
e logo deve ser operado. O médico fez uma tração dos ossos da perna fraturada.
Falou que essa tração era para ter sido feita em Parintins assim que foi
constatado o fêmur quebrado para alinhar o osso da perna. Se Deus quiser, a
cirurgia vai ser bem sucedida”, enfatiza a esposa da vítima.
Indignação
Quem
presenciou o fato do transporte do paciente tratou o caso como retrato do
sistema da saúde pública em Parintins. A família não teve condições de pagar
aeronave para transportar o paciente. “Quando recorri a Secretaria Municipal de
Saúde (Semsa), ouvi da assistente social que o caso não era grave. Frete de
avião era muito caro. Por isso disponibilizaram a passagem em um camarote em um
barco de recreio Parintins/Manaus”, relatou a esposa.
Darlene
revela que a embarcação só tinha camarote no segundo piso e o paciente não teve
condições de subir. Um colchão colocado no convés do barco serviu de abrigo
improvisado para o paciente encarar a viagem de 28 horas em busca de tratamento
em Manaus. O barco deixou Parintins por volta de 9h de sexta-feira e chegou a
Manaus por volta de 13h de sábado.
Um cidadão
acionou a reportagem do GAZETA PARINTINS no dia da viagem e pediu para não ter
o nome revelado. Ele estava revoltado com a situação. A fonte afirma que
“Parintins fica 369 quilômetros em linha reta de Manaus. A viagem em um avião
UTI, demora no máximo 1 hora e 20 minutos. De embarcação, além da demora, para
uma pessoa doente, a viagem é extremamente desconfortável por causa dos
balanços provocados pelos banzeiros. Pode ser prejudicial e complicar ainda
mais o quadro clínico do paciente”, lamentou.
O cidadão
considera a situação deplorável. Outro fator seria riscos de contaminação da
perna fraturada. “Esse rapaz é de família de baixa renda. Está viajando sem as
mínimas condições de cuidados e acompanhamento de um profissional de saúde.
Parece que os responsáveis pelo sistema de saúde em Parintins esqueceram que
todo paciente inspira cuidados redobrados”, enfatizou.
Acidente
Laurence da
Silva se envolveu em acidente quando ia de carona na motocicleta de Silker de
Souza Mesquista, 21 anos. Um carro dirigido por Roberto Novo atropelou a moto
em que os dois estavam. O caso aconteceu na bifurcação da Avenida Nacoes Unidas
com a Avenida Vicente Reis na madrugada de domingo, 29. Silker morreu 8 horas
após o acidente por causa de hemorragia interna provocado por corte da veia e
artéria femoral ocasionado pela fratura do fêmur.
O culpado
ficou detido por algumas horas na 3ª Delegacia Interativa de Policia Civil e
pagou fiança para responder o processo por homicídio culposo em liberdade. A
esposa de Laurence acusa Roberto Novo de não prestar assistência. O
sobrevivente contabilizou fratura no fêmur e escoriações pelo corpo. “O senhor Roberto
Novo praticou um crime e sequer está dando assistência ao meu esposo que passa
por dificuldades. Quando retornarmos de Manaus, acionaremos a justiça”,
alertou.
Na tarde de
sábado, a Semsa divulgou nota sobre o caso. O documento expõe que depois da avaliação
feita por um médico ortopedista no Hospital Padre Colombo, o paciente foi
encaminhado a Manaus para ser submetido a uma intervenção cirúrgica de alta
complexidade no Hospital 28 de Agosto. A Semsa afirma que disponibilizou
camarote em um barco para que o paciente viajasse confortavelmente e ainda uma
ambulância para conduzi-lo rapidamente ao hospital em Manaus, mas a família
recusou.
Ataíde Tenório
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