segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Vítima de acidente consegue atendimento em Manaus após viajar em situação precária numa embarcação

          Família conseguiu um colchão para que o paciente não sofresse muito na viagem

O paciente Laurence Felipe Prata da Silva, 23 anos, deixou o porto de Parintins rumo a Capital do Estado na manhã de sexta-feira (3), jogado em um colchão colocado no convés de uma embarcação. Pessoas ficaram revoltadas e não concordavam com negligência que passa a saúde pública em Parintins. O jovem sobreviveu a um acidente de trânsito dia 29 de dezembro e teve o fêmur esquerdo fraturado.
Segundo Darlene dos Santos Vieira, 29, esposa do paciente, Laurence passou mal durante a viagem e desembarcou em Manaus na tarde de sábado. “No porto apareceu um rapaz da representação de Parintins na Capital do Estado. Ele queria remover meu marido para o hospital em uma Combi, mas não tinha condições e não concordamos. Depois conseguimos contato com a assistente social da firma onde meu cunhado trabalha como Brigadista de Incêndio”, informou.

Paciente

O paciente foi transportado na ambulância da empresa ao Hospital Adventista de Manaus onde a família possui plano de saúde. “Até chegarmos nesse hospital meu marido sofreu muito. Em Parintins, sequer fizeram mobilização para que ele pudesse viajar. Teve muitas dores e tonturas. Chorava quando o barco balançava com banzeiro”, confidenciou.
Os médicos do Hospital Adventista examinaram o paciente. “Meu marido passou por avaliação e logo deve ser operado. O médico fez uma tração dos ossos da perna fraturada. Falou que essa tração era para ter sido feita em Parintins assim que foi constatado o fêmur quebrado para alinhar o osso da perna. Se Deus quiser, a cirurgia vai ser bem sucedida”, enfatiza a esposa da vítima.

Indignação

Quem presenciou o fato do transporte do paciente tratou o caso como retrato do sistema da saúde pública em Parintins. A família não teve condições de pagar aeronave para transportar o paciente. “Quando recorri a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), ouvi da assistente social que o caso não era grave. Frete de avião era muito caro. Por isso disponibilizaram a passagem em um camarote em um barco de recreio Parintins/Manaus”, relatou a esposa.
Darlene revela que a embarcação só tinha camarote no segundo piso e o paciente não teve condições de subir. Um colchão colocado no convés do barco serviu de abrigo improvisado para o paciente encarar a viagem de 28 horas em busca de tratamento em Manaus. O barco deixou Parintins por volta de 9h de sexta-feira e chegou a Manaus por volta de 13h de sábado. 
Um cidadão acionou a reportagem do GAZETA PARINTINS no dia da viagem e pediu para não ter o nome revelado. Ele estava revoltado com a situação. A fonte afirma que “Parintins fica 369 quilômetros em linha reta de Manaus. A viagem em um avião UTI, demora no máximo 1 hora e 20 minutos. De embarcação, além da demora, para uma pessoa doente, a viagem é extremamente desconfortável por causa dos balanços provocados pelos banzeiros. Pode ser prejudicial e complicar ainda mais o quadro clínico do paciente”, lamentou.
O cidadão considera a situação deplorável. Outro fator seria riscos de contaminação da perna fraturada. “Esse rapaz é de família de baixa renda. Está viajando sem as mínimas condições de cuidados e acompanhamento de um profissional de saúde. Parece que os responsáveis pelo sistema de saúde em Parintins esqueceram que todo paciente inspira cuidados redobrados”, enfatizou.

Acidente

Laurence da Silva se envolveu em acidente quando ia de carona na motocicleta de Silker de Souza Mesquista, 21 anos. Um carro dirigido por Roberto Novo atropelou a moto em que os dois estavam. O caso aconteceu na bifurcação da Avenida Nacoes Unidas com a Avenida Vicente Reis na madrugada de domingo, 29. Silker morreu 8 horas após o acidente por causa de hemorragia interna provocado por corte da veia e artéria femoral ocasionado pela fratura do fêmur.
O culpado ficou detido por algumas horas na 3ª Delegacia Interativa de Policia Civil e pagou fiança para responder o processo por homicídio culposo em liberdade. A esposa de Laurence acusa Roberto Novo de não prestar assistência. O sobrevivente contabilizou fratura no fêmur e escoriações pelo corpo. “O senhor Roberto Novo praticou um crime e sequer está dando assistência ao meu esposo que passa por dificuldades. Quando retornarmos de Manaus, acionaremos a justiça”, alertou.
Na tarde de sábado, a Semsa divulgou nota sobre o caso. O documento expõe que depois da avaliação feita por um médico ortopedista no Hospital Padre Colombo, o paciente foi encaminhado a Manaus para ser submetido a uma intervenção cirúrgica de alta complexidade no Hospital 28 de Agosto. A Semsa afirma que disponibilizou camarote em um barco para que o paciente viajasse confortavelmente e ainda uma ambulância para conduzi-lo rapidamente ao hospital em Manaus, mas a família recusou.

Ataíde Tenório

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