quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

PM não realiza Blitz e promotoria inicia investigação sobre o caso


 
     Promotor ressalta que a deliberação para as blitz foi decidida pelo GGI. Comandante garante que após o Carnailha as fiscalizações vão acontecer

O titular da 3ª Promotoria de Justiça de Parintins, André Belota Seffair, iniciou na manhã de segunda-feira (24) um processo investigativo para saber se o prefeito de Parintins, Carlos Alexandre Ferreira da Silva (PSD) (o Alexandre da Carbrás) cometeu improbidade administrativa. Carbrás é suspeito de desautorizar as blitz de trânsito que estavam marcadas para acontecer na cidade a partir do dia 22 deste mês. O Promotor revela que na manhã de terça-feira (25), deu entrada no processo junto a Procuradoria Geral de Justiça do Estado, e se as investigações comprovarem o ato de intromissão ilegal em assuntos técnicos de segurança pública pelo prefeito, Carbrás pode ser processado. Seffair acionou o comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar (11º BPM) para comparecer ao Ministério Público (MP) e prestar esclarecimento sobre o caso.

Blitz

As Blitz seriam realizadas pelo 11º BPM, e teriam a finalidade de minimizar os problemas no trânsito de Parintins onde há condutores sem habilitação e muitas motos circulam irregularmente. Seffair ressalta que a deliberação para as Blitz aconteceu na última reunião do Grupo de Gestão Integrada (GGI) e a finalidade não seria apreender veículos, mas exigir dos condutores o protocolo de abertura do procedimento de retirada da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), cuja a taxa cobrada pelo Departamento Nacional do trânsito do Amazonas (Detran/AM) custa em torno de R$ 60,00. Na questão do emplacamento, donos de moto procurariam os órgãos competentes para agilizar a situação dos veículos.
O Promotor lembra que a intensão dos representantes de órgãos que compõe o GGI com as blitz seria conseguir um pacto com a população de bem da cidade que se habilitaria e agilizaria o emplacamento das motos, já os menores não poderiam tirar o protocolo para a CNH, deixariam de dirigir e os riscos de acidentes iriam diminuir. A Polícia Militar estava orientada a tolerar o tráfego de pessoas portando o protocolo, já que o resto do pagamento da CNH pode ser feito em até um ano. “A decisão das fiscalizações no trânsito foi tomada pelo GGI na tentativa de amenizar os graves problemas em Parintins. Em 2013 aconteceram sete homicídios dolosos no município, e no trânsito houve 14 vítimas fatais de acidente. Em cada dez assaltos nas ruas, oito são cometidos por elementos em motocicletas sem placa, daí a necessidade das Blitz”, enfatiza o Promotor.

Regularidade

Seffair lembra que a habilitação e o emplacamento das motos são fundamentais para a segurança pública na cidade, e não sabe detalhes que podem ter levado o prefeito municipal a procurar o comandante da PM para impedir a realização das Blitz. “Pela Legislação de Trânsito, quem impede fiscalização de crimes, incorre em crime: um é apologia ao crime e outro é que ele pode estar ocorrendo em crime de prevaricação. Se comprovada a intromissão ilegal do prefeito em assuntos técnicos de segurança pública que não lhes dizem respeito, os riscos de acidentes continuam e vidas vão estar em risco. O  Ministério Público tomará as providências adotando os procedimentos para apuração do ato de improbidade administrativa”.

Comando

Segundo o Promotor, o comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar em Parintins, Major Valadares Pereira de Souza Júnior, foi convidado a comparecer a 3ª Promotoria Pública para esclarecer sobre o caso e informar se vai cumprir o papel constitucional. “Se o comandante da PM realizar o trabalho tudo bem, mas se determinar a suspensão das fiscalizações dos crimes de trânsito vai pôr o trânsito da cidade ao deus dará. Se isso acontecer, vai morrer muita gente e ele será responsabilizado. Como é dever do MP cobrar fiscalização efetiva dos órgãos, vamos pedir a PM que cumpra seu papel, se não fizer, acionaremos os mecanismos legais. Se cada um fizer seu trabalho tudo funciona. Não me meto em questão política, e como isso é um assunto técnico de segurança, cabe a quem de direito fazer. Estamos dentro dos mecanismos da legislação vigente para fazer nosso papel, assim como estou fazendo o meu trabalho, a Polícia Militar tem que fazer o dela, e se não fiscalizar os crimes de trânsito, vamos entrar com uma ação contra os responsáveis pela prevaricação”.

Habilitação

Quanto as pessoas inabilitadas e motos sem placas, Seffair pede que busquem os órgãos competentes, já que não há como notar diferenças entre cidadão de bem que utilizam por necessidade e maus elementos que utilizam motos sem placa para roubar, furtar e cometer outros crimes. “Temos que tirar de circulação as motos sem placa, pois os bandidos se utilizam disso para cometer delitos. As pessoas sem habilitação precisam ter consciência que se continuarem trafegar vão provocar acidentes. Pessoas morrem por causa disso e ficam lesionadas, além disso, cada 10 TFDs (Tratamento Fora de Domicílio) sete são por acidentes de trânsito, a maioria provocada por pessoas embriagadas, menores ou sem habilitação. Não podemos permitir essa balbucia sem controle, afinal, é do interesse do prefeito que a cidade fique sem controle? Então, quem estiver contra a lei vamos adotar as providências, é isso que o Ministério Público está fazendo”, diz o agente ministerial.

Explicações

À reportagem do Gazeta Parintins, o Major Valadares, informou na tarde de terça-feira (25), que apesar de ter tido contato com o prefeito Alexandre da Carbrás, assim que inspirou o prazo dado pelo GGI para a cobrança do emplacamento dos veículos na cidade, a PM planejou e o momento coincidiu com a semana que antecede a quadra carnavalesca e as ações não podem ser realizadas devido a demanda exigida pela Polícia Militar. “Teremos o período das festividades carnavalescas na Avenida do Samba, além das atividades satélites que impermeiam o evento principal de Carnaval que são as festas nas diversas chácaras no entono da Ilha, com isso, a cidade está fervilhando com eventos de carnaval. Vamos aguardar a passagem da quadra momesca para que possamos efetivamente voltar as fiscalizações que diz respeito ao emplacamento de veículos”.

Bom senso

O Comandante lembra que agiu com bom senso e pelo planejamento, não teria efetivo para realizar as Blitz e fazer a guarnição do carnaval. “Não teríamos homens o suficiente para tomar conta do carnaval e fazer as fiscalizações no trânsito, teríamos que multiplicar o número de policiais e não há como fazer isso. Creio que no primeiro ou segundo fim de semana, voltaremos com as fiscalizações nas ruas. Como o trânsito em Parintins não é municipalizado, a fiscalização recai sobre a Polícia Militar e não vamos nos eximir disso”.
Conforme Valadares, durante a reunião do GGI, ficou acertado que o Promotor André Seffair entraria em contato com os representantes da Secretaria da Fazenda para estabelecer parcerias sobre parqueamento para alocar as motos apreendidas, mas o Ministério Público não resolveu a questão. “Só o Detran em Manaus tem parqueamento oficial onde veículos apreendidos ficam por três meses e se não forem regularizados são leiloados. Isso foi tratado superficialmente na reunião, mas é algo preocupante. Foi falado sobre a situação sugerida pela ex-presidente do Detran que informou ser ilegal um parqueamento em Parintins, e por isso sugeriu enviar uma balsa para levar os veículos apreendidos para o parqueamento oficial na Capital, é uma medida extrema, espero que não precisemos adotá-la”.
Nossa equipe foi até a prefeitura tentar falar com o prefeito Alexandre da Carbrás, mas ele não se encontrava. Tentamos contato pelo celular ****-**73, mas as chamadas eram desviadas para a caixa postal.

 Ataíde Tenório (ataidetenorio1@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário