quarta-feira, 19 de março de 2014

Oito pessoas passam mal ao consumir tucumã e são hospitalizadas




        Tucumãs foram comprados na Feira do Produtor e oito pessoas foram intoxicadas após ter consumido o fruto

Aproximadamente sete meses da morte da estudante Karina Fonseca da Silva, 17, dia 26 de agosto de 2013, quando ela e outras 19 pessoas foram hospitalizadas supostamente intoxicadas por tucumã amadurecido com Carbureto, na noite de quinta-feira (13), oito pessoas também foram parar nos hospitais, possivelmente intoxicadas depois de comer tucumã possivelmente amadurecido com o produto.

As oito pessoas que passaram mal, consumiram a fruta entre 17h e 17h30 e são moradoras do bairro Palmares, quatro de uma família residente na rua 7 de Setembro e quatro na rua Nhmundá. As duas famílias afirmam ter comprado o tucumã por volta de 16h30, na Feira do Produtor, Centro da cidade. A primeira a passar mal foi uma mulher de 30 anos que pediu para ter o nome preservado, mas afirmou que após a merenda da tarde ela, o irmão de 26 anos, a mãe de 65 e um sobrinho de apenas 5 anos de idade foram hospitalizados. “Escapamos de morrer intoxicados após comer tucumã. Merendamos por volta de 17h30 e às 20h estava no Hospital Padre Colombo (HPC) com muito vômito, dores abdominais, tontura, diarreia e sem conseguir respirar. O pior é que mesmo passando mal o médico demorou a me atender”, afirmou.

Segundo a cidadã, ela pediu exames para detectar a razão do problema, mas não foi atendida. “Percebi que corria risco de morte se permanecesse no HPC, devido tanta demora, e pelo médico ter apenas me olhado e receitar remédio sem se quer me examinar ou pedir exame laboratorial. Resolvi seguir para o Hospital Jofre Cohen (HJC) onde foi ainda pior e pensei ir pra casa duas vezes. É muita falta de respeito de alguns profissionais de saúde, ficam batendo papo e não dão a mínima atenção pra gente”, reclama a mulher.



Atendimento



Regiane Alfaia, 29, assistente administrativo, afirmou que dos familiares, ela foi quem mais sofreu com a intoxicação, assegurou que foi bem atendida no hospital Jofre Cohen, mas reclama que os atendentes assim como os médicos deixaram a desejar profissionalmente. Para ela, além de requisitar exames, os profissionais deveriam ter feito lavagem estomacal nela e nas outras pessoas que deram entrada naquela unidade de saúde com suspeita de intoxicação.

“Assim que dei entrada no Jofre Cohen por volta de 23h, comuniquei que havia ingerido tucumã provavelmente manipulado com algum material tóxico, ou outra coisa. Ao ficarem cientes, os profissionais de saúde deveriam ter feito em mim, e nos outros pacientes com o mesmo problema, uma lavagem estomacal para retirar o material acumulado no estômago. Eles estudaram, e pelo menos penso que sabem das consequências que esse tipo de produto causa nas pessoas. Infelizmente, assim como eu, as outras pessoas apenas receberam medicação”, enfatiza Alfaia.

Para as autoridades responsáveis em fiscalizar a procedência e o estado de conservação de produtos comercializados nas feiras e mercados em Parintins, Regiane faz um apelo. “Que a direção dos órgãos competentes em fiscalizar a procedência não só de tucumãs, mas de outros produtos comercializados na cidade, saibam as formas de manipulação das frutas, principalmente nos produtos que nós amazonenses costumamos comer para evitar que aconteça o que vem ocorrendo em Parintins”.



Inoperância



A vítima reclama ainda, da falta de comunicação entre os órgãos que deveriam fiscalizar e garantir a segurança alimentar dos parintinenses. “O pessoal da Vigilância Sanitária diz que a fiscalização desse tipo de coisa não é competência deles e sim da Sempad. Eles deveriam atuar juntos para garantir que pessoas não venham ser intoxicadas, ao consumir um produto, ou morrer vitimadas pela irresponsabilidade de alguém que os manuseia. As pessoas que estão atuando nesses órgãos recebem por isso, então que façam jus aos salários que recebem e atuem”.

Ao lembrar a morte de Karina Silva, a cidadã pede consciência às autoridades para que comecem a fazer algo a fim de evitar que outros casos de intoxicação e morte aconteçam em Parintins. “Os vendedores de tucumã precisam e têm o direito de trabalhar e ganhar o pão de cada dia, mas que façam com responsabilidade. Não sei quem comete erros, se o vendedor ou quem tira os frutos das árvores, o certo que além de ganhar dinheiro eles precisam zelar pela vida dos consumidores e produtos”.


Vigilância Sanitária




Na manhã de sexta-feira (14), nossa reportagem conversou com a coordenadora de Vigilância Sanitária, a enfermeira Juliana Castro, durante inspeção em uma casa na rua 7 de Setembro. Ela não gravou entrevista, mas adiantou que ao saber dos casos, junto com uma equipe de agentes de endemias foi as residências das vítimas averiguar a situação e coletaram amostras de tucumã que foram enviadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Manaus. O Secretário Municipal de Abastecimento e Desenvolvimento Econômico de Parintins, o químico Samaroni da Silva Moura, informou que não havia sido comunicado do fato, e ao tomar conhecimento, tomaria as providências. Na manhã de segunda-feira (17) as vítimas voltaram a ligar para a redação e alertaram que nada havia sido feito por parte dos órgãos competentes, além disso, informaram que uma terceira família também teria sido intoxicada por tucumãs comprados no mesmo local. Nossa equipe não conseguiu comprovar o fato e ainda procurou a direção dos hospitais, mas só conseguiu falar com o diretor do HJC, médico Oswaldo Ferreira. Ele garantiu que vai esperar a formalização das denúncias para tomar as providências se houve ou não falhas no atendimento.


Ataíde Tenório (ataidetenorio1@hotmail.com) 


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